30.12.05

A epígrafe é do Valéry

O que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem ?

Como vivi durante

quase
duas décadas ?

Pergunto-me por vergonha.

Não vergonha vergonhosa,
daquelas que avermelham as bochechas:
não essa, mas
vergonha de viver fantasmagoricamente,
que reluz e fulgura
como algo transparente
como um fogo sem lenha,
como uma cabeça de fósforo,
como um lume de lua nova:

quase apagando-se.

Fogo sem carvão para lhe confirmar a ausência.
Minha ausência, onde ela está ?
De onde engendrarei meu carvão ?

Uma ausência contida
em meio ao tudo e tudos e todos existentes
na minha rua,
na penúltima casa da rua,
que muitos nem sabem que ainda faz parte da vida
e do bairro.

29.12.05

Airton Monte

Escrevi um e-mail pra ele. ^.^ Nesse instantim.

Você já escreveu pra algum escritor que gostasse?

26.12.05

Stanley Kubrick

O mundo parece tão mais silencioso depois de assistir a 2001: uma odisséia no espaço...

24.12.05

Meia-carta

Oficialmente, começa no dia dez de agosto, meio da semana, quarta-feira. E não fomos nenhum dos dois que começamos: em verdade, foi um sujeito: Artur da Távola, com seu textinho sobre namorados, no qual me descobri um diletante inveterado do meu bubê.

Agora, que chegamos no final do ano - nós dois, só, viu ? Não se inclua nisso não - estamos com o quê ? Fazendo as contas, dá uns quatro meses e...catorze dias. Quatro meses e duas semanas de não-sei-o-quê que começou numa quarta-feira do mês do cachorro louco. Quem começa algo em agosto tem de ler aquela crônica do Caio Fernando Abreu sobre como sobreviver ao agosto. Eu li, o bubê leu.

Não-sei-o-quê porque existem coisas que só funcionam se não forem ditas. Se você me entende, que bom; se não, não se desespere: menos dia, alguém vai lhe enfiar uma epifania nessa sua cabecinha e você vai regredir ao estágio de dez, cinco anos, quando tudo é belo e nossa capacidade de se comover com a tragédia da vida tá lá nas alturas, limítrofe com o céu e as ciências naturais. Mas tudo é limítrofe com as ciências naturais, então não fique tão feliz.

Falando em feliz, então é natal. E hanukah também, acho. Acredito que ambos sejam comemorados na mesma data, o que me deixa muito feliz, visto que o povo judeu e a religião judaica são coisas as quais admiro desdo hoje, quando assisti como muito prazer e dor ao preto-e-branquíssimo A Lista de Schindler. Uma tragédia, das gregas, e isso é um elogio.

E onde foi parar aquele meu sentimento de como se a gente subisse a escada com trezentos e sessenta e cinco degrais de uma vez, só pra descer tudo de novo, ãh ? Aquele sentimento de subir: cadê ele ?

E prometo que um dia te salvo, tá, bb ?

23.12.05

Meu povo, tenho que satisfazer minha pulsão de vida, jesus, maria, josé.

19.12.05

Sinceramente. Parece-me uma boa maneira de começar uma história: sinceramente. Com a palavra e intenção. É que arte e histórias só se contam e valem quando são ditas na sala da verdade, quando tudo o mais é por demais impreciso.

E a verdade é um negócio muito escorregadio mesmo, que nem comida quente demais, que a gente coloca na língua já querendo tirar pra não se queimar. Na verdade, acredito ter a verdade o maior muro de Berlim já construído entre ela e nossa humanidade. Um muro infinito, que é tão grande, mas tão grande, que nem parece que está lá: o mundo acaba ali.

Mas o mundo não acaba ali: ali começa a verdade. E agora, José ? Somente a humildade mesmo para deixar a gente se aperceber disso. Mas não é a humildade que faz a gente não deixar essa incapacidade de conhecer abalar os nervos da gente.

Acredito que essa força venha do amor Não amor pela verdade, que verdade num é bicho pra ser amado - ou conhecido. A gente ama pessoas, bichos, comidas, lugares, memórias, cheiros, o bubê. A gente ama uma poesia, um quadro, uma palavra, um nariz, algum dente, uma rua, um bar, uma árvore, um livro - vários livros. E do amor a gente não duvida. Ele mexe com o corpo da gente de uma forma tão assim que não se precisa de certeza pra amar: basta amar, intransitivamente.

Diria o filósofo: "amor é uma coisa-em-si."

15.12.05

Quando acordei, me senti só. Só porque tudo estava escuro, todas as luzes apagadas, a do quarto, a da sala, a do corredor. Me senti só porque acordei descoberto, sem ninguém que me cobrisse com um lençol macio e fino. Me senti só porque homens conversavam alto no apartamento do lado, conversa ininteligível porque pegada do meio. Me senti só porque tudo estava mais longe e irreal sem óculos de grau 3.5 para miopia. Me senti só porque a pouca luz da lua estava la fora, esforçando-se pra se refletir na parede. Me senti só porque parecia já de madrugada. Me senti só por ter passado o dia dormindo. Me senti só porque deveria ter ligado pra ela, mas não acordei com o telefone tocando. Levantei-me, olhei as horas, seis e meia, as janelas abertas, meus primos brincando lá embaixo, a luz do corredor esse texto e ela.

14.12.05

Toda palavra é o que não está ali.

Imagine uma caixa vazia de papelão, certo ? Aquelas que vem a televisão dentro, ou o rádio ou o playstation, aquelas grandonas, mas pode ser pequena também. Pois bem. Temos uma caixa. Não tem nada dentro da caixa.

Use todo o seu poder de abstração agora e imagine algum motivo qualquer para dar essa caixa a alguém. Qualquer motivo, não importa qual: importa ter o motivo.

Pois é: essa caixa é a palavra, que não tem nada dentro, e que a gente dá a alguém, daí esse alguém vai devolver a caixa pra gente, com alguma coisa dentro, e a gente vai ver o que é, e vai dizer "oh, muito obrigado" e vai colocar outra coisa na caixa, ou ainda pegar outra caixa - a gente usa muitas caixas, em verdade - e colocar alguma coisa dentro e esperar que a pessoa goste e entenda o que a gente quis fazer e dizer com aquele presente dentro da caixa.

Toda palavra é uma ausência.

Sei que isso é uma citação, mas não lembro quem disse. É uma ausência porque não tem nada dentro da caixa-palavra: quem vai colocar alguma coisa dentro da nossa caixa é a outra pessoa pra quem a gente vai dar a caixa.

Mas se a gente deu uma caixa, é porque espera que a pessoa coloque uma coisa que caiba na caixa: ninguém quer ver sua caixa rasgada.

Será que deu pra entender ?

12.12.05

Conversa outra

São sempre solitárias quando são no meio da aula e seus botões cismam que querem a luz do sol ao escuro da ciência.

- Qual a importância da fonologia ?
- Descrever a língua.
- Mas pra quê descrever a língua ?
- Pra saber como ela funciona.
- Mas de que me serve saber como minha língua funciona ?
- Para aliviar a sua miséria da existência.
- Como disse o Brecht ?
- É.
- Mas isso não alivia a minha angústia de existir.
- Então a fonologia não lhe serve de nada.
- Mas será que para alguém ela é importante ?
- Talvez... Acredito que sim. A professora parece bastante interessada nas alofonias alveolares e dentais.
- Mas porque ela está tão interessada num assunto tão besta ?
- Deve ser porque pra ela não é besta: é interessante, faz sentido.
- Alivia o peso de existir dela.
- Isso.
- Céus, mas que tipo de existência estúpida pode ser aliviada pela fonologia ?
- Ela não deve ter só a fonologia.
- Mas ela tem a fonologia. Se esta não lhe soprasse um laivo de luz em sua obscura existência, ela a descartaria.
- Assim como eu descartei a fonologia.
- É.
- Então porque assisto a aula que me é irrelevante ?
- ...Porque precisas passar na cadeira, pra conseguir teu diploma e poder ensinar português.
- A fonologia está no caminho do meu prazer.
- É. Isso.
- Vão ser bem angustiantes os próximos três anos.
- É...Vão sim.

O mesmo vale pra sociolingüística.

11.12.05

Luis Dolhnikoff

a mente é o que cérebro sente
por si mesmo

(o horror é a mente entregue
a si mesma)

mas não em si mesmo:
o cérebro em si nada sente

(cérebros são operados
sem anestésicos)

10.12.05

Texto colado

Acredito eu que estava passando por uma crise de inspiração. E expiração também.

Porque ser escritor é todo o processo de respirar: inalar o aroma do mundo, e escolher as partes mais cheirosas para prender dentro das palavras.

Prender ? Sim.

O Roland Barthes não disse que a língua era fascista ? Sim, ela se destaca mais pelo que não deixa dizer do que pelas suas possibilidades de expressão. Ora, ora, afinal, encontrava-me preso dentro de minhas palavras, sem saber em qual significante acreditar, havendo perdido completa fé nos significados, em meu curso e na humanidade. E eu sou um dos otimistas, não se engane.

Quem me acalentou e acalenta durante minha(s) crise(s) são dois: meu amor - não a entidade, mas a pessoa de verdade, meu bebê, boca de luar - e o Rubem Alves, ou os livros que ele escreveu e o nível econômico da minha classe social média permitiu adquirir.

Acredito ter pegado o Sr. Alves num momento muito fecundo e adequado da minha vida. Bem na hora - quase como que por feitiçaria - ele chegou me expondo os paradoxos da educação, da ciência, do pensamento científico, do meu próprio pensamento, e de tantas outras coisas que eu não entendia. E ainda não entendo, mas isto se resolverá, eu me prometo.

Quanto ao meu amor, que mais posso falar. O amor é silêncio, se disser estraga.

Um amigo disse-me que a conclusão do Aristóteles ao fim do Ética a Nicômaco era a seguinte: que você só precisa de si mesmo para ser feliz. Ao que outro amigo retrucou, sabiamente, que ele chegara num nível de alienação muito grande para pensar isso. Acredito que nós realmente precisamos de alguém para abraçar e sermos abraçados:

vida boa é solidão a dois.

Até. []'s

8.12.05

Googlada

Deus do céu: tu já colocaste teu nome completo no google pra procurar ? Fiz esse experimento nesse instante, e achei um troço meu que eu mandei prum site inglês na 5ª série !

Nossa senhora. Jesus, Maria, José. O documento é de 1998, e eu acredito que tenha sido algo que o meu colégio tenha mandado-nos responder.

Name/Age/Gender: Caio Marinho Ribeiro, 11, Boy
E-Mail Address: [log in to unmask]
City/Place: Fortaleze,ceará
Country: Brazil
School: Colégio 7 De Setembro
Format: WWW

question1: Na verdade eu não tenho nenhum Hobbi,mas,eu tenho muitas preocuações uma delas é com o meio ambiente
porque todo mundo tem que jogar papel na rua sabendo que tem um lixeria perto de você?

question2: Eu sempre tive um sonho que é quando eu crescer eu quero ser jornalista
de um jornal importate.Eu acho que ser jornalista é uma profissão aventureira
e eu gosto de aventuras e coisas perigosas

question3: Bom eu gostaria que nínguem jogasse papel na rua e muito menos nas matas,parques ecológicos,etc.

question4: Para que eu seja no futuro um bom jornalista eu tenho que estudar,ler bastante e me esforçar para que no futuro eu seja um bom jornalista.

- Submitted via the KIDLINK WWW - 98.02.01 18:06:24 GMT -
-------> http://www.kidlink.org/RESPONSE/4Q.html <-------

Caralho, tem até a hora !

Notem os erros crassos e o desleixo com a ortografia.

5.12.05

Disse eu, certa vez, para um amigo meu, andando até a parada:

Não, porque, pra mim, o educador é aquele que faz o aluno gostar da matéria. O professor é aquele que faz o aluno detestar a matéria.

George Polya, um matemático húngaro, disse:

É tolo tentar responder uma questão que você não entende. É triste ter de trabalhar para um fim que você não deseja. Coisas tristes e tolas como estas freqüentemente acontecem, dentro e fora da escola, mas o professor deve evitar que ocorram em classe. O estudante deve entender o problema. Mas não basta que ele o entenda. É necessário que ele deseje sua solução.

Levante a mão quem está interessado em saber da variação do fonema /r/ em Itaituba ?

Tá vendo ? Não dá nem pra entender, quanto mais querer solucionar um djábo desses.

[]'s

2.12.05

Conversa

- Pois é, né, macho. Já começaste errado.
- Como assim ?
- "Caio": um verbo e tal, já começa caindo...
- É redondo...
- Pois é. A imagem que aparece na minha cabeça é de alguém caindo num poço sem fundo, desesperado, esperando alguém jogar uma corda, mas ninguém ouve o socorro do caio.
- Porque eu sou a queda, não é que eu esteja caindo.
- Justamente.
- Então não tem salvação.
- Realmente: fudeu.
- Mas e agora que tu percebeste isso, como é que fica ?
- Putz, sei lá, vou ter que continuar amando e acreditando nas melhores pessoas.
- Hoje foi foda, né ?
- Foi, deus do céu. Eu me esqueci até de como sentir dor.
- A queda aumentou de velocidade e as paredes do poço foram mais para longe.
- Isso. Mas o que eu tenho medo é de ter chegado num nível de alienação sentimental tão grande que...
- Que o quê ?
- Que eu não consiga mais chorar pra mim. Sentir dor pra mim. Escrever pra mim. Amar pra mim. Creio que tenha perdido completamente meu sentido narcísico.
- E a auto-estima, ó.
- Com certeza. Se me pedires para parar de chorar, eu paro na mesma hora, mas fica quase um coágulo no meu coração. Engraçado que eu não consigo voltar a chorar.
- É o teu armário das dores e angústias.
- A maior de todas foi hoje.
- Me toco, me toco.
- Vive trancado: só se abre pra colocar coisas novas dentro, depois que entrou, tenha zé pra abrir e tirar algo lá de dentro. É muito escuro, além do mais.
- Deus do céu, mas isso é horrível. Pra mim e pra quem tá perto de mim.
- Vala, por que ? Num é só tu que se fode não ?
- Não: um bebê completamente desprotegido, sem soldados nem forças para lutar, fica mais do que vulnerável a qualquer ataque, por mais frágil e insignificante que seja.
- Putz, é mesmo. Então fodeu.
- Fodeu. Que que eu faço ?
- Escreve e ama, criatura.
- Fácil falar. Eu preciso é de atenção agora. Mas devo ter muito pouca coragem pra pedir alguém ajuda. Não sei o que fazer.
- Mato sem cachorro. Não vale se suicidar.
- Não, suicídio não: seria egoísmo demais para com os meus queridos.
- ...
- Que foi ?
- E além do mais TU também poderia MORRER, né ?
- É, mas isso deve ser de menos: deixem que os mortos enterrem os mortos.
- O problema sabe qual é: tu tá se vendo como empecilho, como bagulho, como obstáculo, como troço, como coisa, como bicho. Num é assim. Tu és uma pessoa, nascida da natureza, criada em sociedade, versada nos princípios básicos do entreagir humano.
- Eu preciso de um abraço.
- Preciso é de umas peas, isso sim. Precisa de amor não: amor já tem. Precisa de colhões, de bolas, precisa se levantar e sair dessa caverna escura, abrir esse armário mais alguém.
- ...
- Você tem que se preocupar é com você: já dizia o Tio Hermes. "Você tem que se preocupar com você, preocupe-se com você que é o melhor que você faz."
- Mas e os outros ?
- Os outros se cuidam deles mesmos. Tu não é tão necessário para a existência das outras pessoas, criatura.
- É mesmo...
- Dã, lógico. O melhor que tu pode fazer é sem gentil e caridoso com os teus amigos. E a vossa amada. Ela, acima de tudo.
- Sim, com certeza.
- Acima de ti até.
- Acima de mim ? Mas eu não tenho que me preocupar comigo mesmo ?
- Sim, mas ela é tua maior influência sentimental: cuidar dela é o mais próximo que tu vais chegar de cuidar de ti mesmo, cuidando de outro.
- Boa...
- Humrum.
- Ufa...Me sinto melhor. Mas a gente nem discutiu a minha universidade.
- Cara, tu vais terminar este teu curso, pra - que nem disse a Dona Lourdes - arranjar o primeiro emprego, e depois tu fazes o que tu quiseres, especializa-te em qualquer coisa aí.
- Nem tenho mais certeza se quero fazer faculdade de filosofia.
- Vala minha nossa senhora, criatura, se decide ! Vai fazer mestrado em quê ?
- Putz, acredito que em lingüística textual.
- Mas só pra ter aula da Irandé ? Tu sabes qual é o objetivo do mestrado ?
- Acho que não...
- Afirma, porra ! "Sei não, caralho ! E daí ?"
- SEI NÃO, PORRA, BUCETA ! QUAL É ESSE CARALHO DE MERDA DE OBEJTIVO, HEIN ?
- Ah, assim sim, porra. O objetivo do fucking caralho do mestrado é sei lá.
- Arriégua.
- Pois é, mas eu sei que tu não pode se basear só em ter aulas com a Irandé Antunes.
- Pois é, me toco, me toco. Talvez em sociologia.
- Sociologia é lega, sociologia é legal.
- Muito provavelmente algo ligado à educação, cara. Disso eu tenho certeza.
- Que bom, que bom.

Beijos a todos e a mim e ao meu bebê. É que faz tempos que não mando beijos, e eu preciso como parte do meu tratamento auto-estabelecido.

Até o próximo post.

1.12.05

Déficits

1.Antes de tudo, tenho que me entender. Conhece-te a ti mesmo. Onde houvera o Id, haverá o Ego. Sujeito pós-moderno: pedaços. Pre-potência: potência antes de tudo. Capacidade minha, que não desejo nada.

2.Imagine um oceano todo azul, sem sujeiras. E alguém que não nada, mas entende um pouco de boiar, um pouco de remar, um pouco de olhar para cima e um pouco de lingüística - ou metafísica, como queiram.

3.Eu acho que perdi meus anseios. Cadê a minha busca ? O que eu devo procurar: preciso de mestres: os livros não me servem mais. Aliás, nem nunca me serviram: eu preciso de um mestre e de um abraço e de uma casa.

4.Onde está o meu Outro ? Deus do céu, em quem eu vou me fucking perder ? Eu preciso de um chocolate. E de alguém que arrume meus pensamentos. E de um ouvido agudo para os silêncios do meu infinito, que é bem pouquinho e fácil de ser entendido. O negócio é saber que ele está lá, para todo sempre, dentro de mim, quase pra fora: problema meu e dos meus dispositivos de defesa psíquicas.

5.Acho que vou surtar. Não gostaria de surtar, amigos. Não me deixem surtar.

E 6.Não me deixa surtar.

30.11.05

Nós

Nós somos somente isto, acima de tudo e nada mais: os mecânicos da língua. Não adianta espernear.

28.11.05

O Drummond entendeu

Quero

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

Carlos Drummond de Andrade

Sei que já disse que era do Drummond, mas esse nome do poeta é coisa linda de deus.

27.11.05

Meu porquê da monogamia

Diz que que ela voltava com o ex, mas não terminava comigo, certo ? Daí, só ficava mais ele, mas ambos éramos namorados seus, em teoria. Só sei que, numa certa hora, chegava eu no quarto e perguntava:

- Oi, bebê.
- Oi...A gente já tá saindo pra beber vinho e whisky.
- Que que vocês tavam fazendo ?
- Não, a gente tava debaixo das cobertas.
- Ah, tá bom.

E hoje ainda amanheceu chovendo: casamento da raposa.

25.11.05

Deculpem pela preguiça

Leiam o poema abaixo, mas saibam que não tive saco de remoê-lo e melhorá-lo. Não estou com saco para trabalhar tristezas minhas que não nascem em mim, mas se originam em eu.

[]'s

Quando bebê, quando eu

Tem algumas luzes de natal pela cidade, mas isso não importa.
Tem alguns carros parando, parados no meio da rua,

mas isso não importa.

E existem aqueles que não acreditam em deus, mas isso
não importa.
Aqueles que supõem a vida como uma brincadeira de mau gosto, mas
isso também não
importa.

O que importa ?
Aquela lágrima, o silêncio e o motivo.

Canto as minhas angústias, minhas tristezas, meus cálculos, minhas teorias.
Canto aquilo que possuo, canto meu destino
...canto meu amor.
Não canto somente porque o amanhã vai chegar:
canto porque acredito no destino que vem de dentro,
porque acredito em Rainer Rilke,
porque acredito em Rubem Alves,
porque acredito na solidão,
na interação, nas ideologias, na intuição,
na subjetividade.

Acima de tudo, conheço minha prioridade: canto porque acredito.
E por causa daquelas melenas que derramaram um poço de angústia
dentro do meu. Da minha.

24.11.05

Uma citação

Quanto mais estivermos pacientes, silenciosos e entregues à nossa mágoa, tanto mais profunda e imperturbável entra a novidade em nós, tanto melhor a conquistamos, tanto mais ela se tornará nosso destino e quando, num dia ulterior, vier a "acontecer" - isto é, quando sair de nós para se chegar a outros -, senti-la-emos familiar e próxima.

Rainer Maria Rilke

Uma coisa só que aprendi

De noite, as palavras acordam.

Infelizmente existe final de semana.
Todo dia deveria ser amor.
Amor é um só.
Estar só é uma dádiva para poucos.
São os poucos que nos dão muito.
O muito está na natureza.
Eu estou tentando me voltar para a natureza, viu, Rilke ?

A angústia, descobri-a dentro do meu coração, mais sólida que nunca.
Interpretação é tudo.
Por isso que estou me voltando para as coisas que importam, pois elas que importam, dentro do meu coração.

As palavras não chegam no meu coração.
E é daí que vem a poesia.
Não sou capaz de escrever poesia.
Posso interpretar poesia.
Minha poesia é sem palavras. Está nos silêncios.
Nos interstícios.
Na música.
Na noite.

Tenho que adormecer e sonhar meu coração.
Porque é de noite que todas as palavras acordam.

23.11.05

e eu odeio me sentir inútil, no termo mais utilitarista possível.

Sobre as desculpas, notei que é um baita egoísmo pedir a alguém para tirar a culpa do seu ombro. Mas não gosto de estar certo quando o assunto sou eu.

(não sei porque os parênteses: me parecem necessários)
(when you get what you want but not what you need)
(infelizmente, eu preciso de um abraço do meu bebê 24 horas por dia)
(eu sou um bebê)
(será que quando alguém chora e encolhe as pernas pra perto do peito, é porque quer voltar pra dentro do útero da mãe ?)
(hoje eu conheci a Irandé Antunes. Gente fina.)
(as falas dentro desses parênteses são minhas frustrações.)
(quanto mais eu leio sobre psicanálise, mais triste eu me fico)
(mas mais eu conheço sobre mim e sobre os outros...ou o Outro)
(Kramer x Kramer)
(acho que vou parar de colocar tantas frases intercaladas com aqueles dois tracinhos)
(não sei mais se quero ser entendido)
(eu não quero mais fazer faculdade de letras)
(eu ainda preciso de um abraço)
(eu queria estar dormindo)
(não quero mais ter sonhos ruins)
(blé)
(a fricativa chê do meu ânus é uma variante do vai-tomar-no-tchia de Cametá)
(já falei que não quero mais fazer letras)
(e do abraço ?)
(Eu vi um filme do Woody Allen: Trapaceiros ou Small Time Crooks)
(eu decidi que quero fazer mestrado em lingüística textual na UECE e faculdade de filosofia ao mesmo tempo, depois de terminar o cu-rso)

São várias suspiros: toda palavra é crueldade: nenhuma me deixa dizer como é estar triste assim Eleanorrigbyamente. Nem gesticular pra dizer como foi a emoção inominável de conhecer a poderosíssima Irandé Antunes.

Mais importante de tudo, porque me considero uma pessoa que sabe sua prioridade:

(tomara que meu bb tenha ouvido eu dar ciao pra ela)

20.11.05

http://www.leomartins.com

Calendário semanal

Amanhã haverá prova de fonologia do português.
Dois dias depois, prova de morfossintaxe
e dois dias depois, de sociolingüística.

Tinha algo muito bom para colocar aqui.

Tenho que voltar a escrever com mais freqüência: porque sim. Sinto falta das sílabas. Estou com abuso do meu curso de letras, com abuso das letras, dos professores, enfim. Mas as palavras, estas quero-as bem, muito bem. É quase amor (amor mesmo só pro meu bebê), e eu sinto como esse amor não me fosse mais tão necessário.

E isso é um crime. Creio junto com o Rainer Rilke: "basta achar que se pode passar sem escrever uma única vez para não ter mais o direito de fazê-lo."

As palavras me raptam, e o cativeiro é eterno, como de todo bom poeta. Não quero escapar da poesia ou do amor, e meu curso de letras está vestindo minhas palavras com teorias cinzas, idiotas e malcheirosas. Onde estão os lindos e macios seios das dissílabas ? Céus, o que aconteceu com o pescoço cheiroso das proparoxítonas ? Acredito na lingüística e minha crença na ciência está mais dilacerada que um McGould na casa dum Bullock, mas as palavras é antes de tudo poesia, meu caro. E se a ciência não se dá com a poesia por isso ou por assado, o problema não é da poesia mas de jeito maneira.

[]'s curtos, por voltarei num segundo.

16.11.05

Este lado para cima.

A marca da fase anal-retentiva, a segunda, é ao contrário uma espécie de cautela excessiva, timidez, respeitoso temor por ordens e hierarquia, meticulosamente exagerada.

Dito assim, parecerá talvez que se trate de doenças. Não. São feitios de caráter normais, ou quase, onde os desvalores apontados comportam igualmente certas boas qualidades.

Fábio Herrmann, O que é psicanálise, Abril Cultural/Brasiliense, 1983

Tenho e tive problemas na fase anal-retentiva, está comprovado. Seguro bosta como ninguém: literalmente e socialmente falando. Não sou doente: me chamaria de inseguro. Chamei-me de covarde e continuo com minha convicção de que sou covarde. Meu ego é frágil. Tenham cuidado comigo, por favor.

E eu tenho consciência de que todo pedido é egoísta. Mas tenho de fazê-lo, desculpe-me.

[]'s

15.11.05

Mas chega de falar de mim

Falando sobre o narcisismo.

Existe o primário e o secundário, mas isso não é o mais importante.

Seguinte:

partindo do princípio de que somos receptáculos de energia,
e de que esta energia nos a colocamos nas coisas que nós gostamos,
e de que esta energia é finita,
e de que ela se origina de dentro da nossa cabeça,
e de que a nossa cabeça é subdivida em regiões,
e de que estas regiões são duas: o eu e o isso,
e de que é o isso que bombeia libido - a tal energia - pro eu,
e de que essa energia libidinal é bombeada por um motivo: para ser colocada em coisas das quais o eu goste,
e de que o eu não nasce completamente desenvolvido - nasce como um bebê, completamente indefeso e que precisa de cuidados e atenção,
e de que o eu, depois que fica com uma boa quantidade de energia, coloca essa energia nas coisas de que ele gosta,
e de que essa energia colocada nas coisas gostadas tem de voltar pro eu, porque ele cresceu e precisa dessa energia para colocar em outras coisas gostadas,
e de que o isso agora irá mandar libido para o eu por outro motivo: para que essa libido fique no eu, se acumulando,

partindo desses princípios, entendo o narcisismo como sendo esse acúmulo de energia no eu.

Metáfora:

Imagine que, todo dia, a tua mãe te desse dinheiro pra tu voltar de ônibus do colégio. Pois bem, depois que você fica grandinho e sabe, mais ou menos, o que quer da vida, ela decide fazer uma poupança pra você. E pára com o dinheiro do ônibus. Pois bem, todo o vosso dinheiro agora está se acumulando na conta da poupança - que é sua, mas quem fez foi sua mãe.

Isso tudo psicanaliticamente falando.

[]'s

13.11.05

Sobre o futuro

Falo do meu, não de outrem. Mas que não lhe seja, leitor, privado de me tomar como padrão para sua vida, o que não recomendo. Sugestões para outros, imperativos para mim: objetivo encontrar direções para minha vida intelectual e acadêmica. Não se engane: estou inventando a medida que escrevo, não refleti sobre a questão anteriormente, a não ser por este ponto:

Vou terminar meu curso de merda de letras.

Sim: quero ser professor de português. Se me é necessário ter o fucking diploma para entrar na sala, que seja: terei o diploma, não terei o curso. Pois as letras, as minhas pelo menos, não ensinam porra nenhuma. Ou o conhecimento não me é relevante, nem válido.

Isso está decidido na minha cabeça, depois de muita elucubração. Vou terminar o curso de letras. O depois é o busílis. Que fazer ?

A primeira vista, decidi nem sair da UECE e entrar nas aulas de filosofia, mas o chamado do mestrado, tão valorizado no mercado educacional, me é forte também.

Depois de pensar sobre, vi que um mestrado nas letras me seria impossível de fazer: matar-me-ia antes de terminá-lo. Um pé nas bolas, deus me livre. Talvez um em lingüística aplicada, para ter o dulcíssimo prazer de uma aula com a Irandé Antunes. Talvez, sim. Mas é-me muito mais atraente uma pós em filosofia. Não sei a quantas pernas - bambas, presumo - anda o mestrado filosófico em Fortaleza, mas definitivamente filosofia; não letras. Ou até em educação, mas está parece-me mais prazerosa estudar sozinho, com os amigos.

E me vem à cabeça a psicanálise. Céus, alguém coloque rédeas no meu cérebro !

Um pensamento, último, não meu, sobre o conhecimento, que me norteia em minha querela particular.

Sapientia: nenhum poder,
Um pouco de saber,
o máximo de sabor...

Roland Barthes

9.11.05

Longo.

(estou no curso errado)

Toda essa minha inquietação é porque não aguento mais meu curso, ou minha faculdade.

Mas gosto das pessoas. Elas são legais.

O prédio, contudo, me lembra um presídio, os professores se perdem em questões irrelevantes. Ou não questionam coisa alguma.

Não entendo, sinceramente as palavras que aparentemente se deslocam para fora da boca do meu professor de morfossintaxe. E hoje ele pediu-nos para redigir sobre o mistério. Não fiz um texto de acordo com as normas acadêmicas, e eu ficaria preocupado, caso tal texto contasse como nota. Não contará, graças.

A cada dia que passa, entendo mais a relevância da forma do texto. Seria este o sentimento que o Olavo Bilac tinha quando decidiu escrever como escrevia ? Eu redijo estas palavras neste blog, mas morro de medo de ser interpretado negativamente. Sim, porque positivamente, todo comentário é válido.

Minha maior frustração - exagero; mas sem dúvida ocupa uma posição no Top 5 - é não saber me expressar claramente. Além de não conseguir entender textos filosóficos, justamente por esta minha burreza de cabeça de bagre. Desisti de ler "O Sofrimento Humano", do Sören Kierkegaard, por não entender o que ele falava quando dizia que o ser humano é a relação voltando-se para si mesma, em sua análise enquanto um sistema dialético ciente de sua existência, mas não só desta; ciente de que só existe enquanto relação de relação.

Ou algo assim, mas definitivamente não estava escrito desse jeito. Eu que passei para vocês como eu percebi o texto. E isso tudo nas primeiras três páginas.

Desisti também, hoje, do "Além do Bem e do Mal", do Niezsche. Novamente, por não entender o que seria uma "coisa em si" - apesar de ouvir várias vezes essa expressão na faculdade - e como ela seria uma contradição da nossa sociedade neoplatônica, que não é neo coisa nenhuma, é só platônica: aliás, nem platônica é, pois o Platão era um filho de uma gaita.

Contudo, o Nietzsche não é tão ignorante quanto eu achava que fosse; é, contudo, bem mais complicado do que eu pensava. "O Anticristo", outro livro que tenho dele, e que li inteiro, mas não entendi, é bem mais simples: consegui terminá-lo, ao menos. Entendê-lo são outros quinhentos.

A culpa, admito, é minha, por ter escolhido um curso tão chato. Um amigo meu do curso de Ciências Sociais - Paulo Massey, fantástico intelectual - disse-me, certa vez, que meu curso estava me limitando.

Com certeza. Mais do que certo.

Durante meu ócio criativo de hoje à tarde, percebi que entenderia Nietzche se estivesse fazendo uma cadeira de História da Filosofia, ou então se pudesse compará-lo com algum sociólogo em alguma cadeira das Ciências Sociais. Que me fossem dados os conceitos básicos, pelo menos.

Percebi, para meu sincero e profundo desespero, que o curso de letras é irrelevante.

Não me serve, não gosto dele, ele não gosta de mim, nos odiamos, somos incompatíveis.

Odeio os professores,
odeio a imagem do curso,
odeio a imagem que tenho por ser das letras,
odeio ter de me adequar as ubíquas "normas acadêmicas",
odeio ter de "escrever como se o leitor não soubesse de nada."

Sinto saudades da Jesus. Como sobreviver a um semestre em que não se espera por nenhuma cadeira ? Sabe aquela aflição, aquela ansiedade de "amanhã é aula do fulano ! Graças a deus, finalmente", sabe ? Pois é: neste semestre, ela fugiu da minha pessoa, escondeu-se nos cafundós do meu inconsciente e ficou por lá, plantando bananeiras e eucaliptos.

Achei milhares de livros do Paulo Freire aqui em casa, mas tenho de ler os textos de literatura comparada, de fonologia, de morfossintaxe - que nunca peguei, desde o começo do semestre - de sociolinguística - que há uma trabalho de campo para se fazer, e eu ainda não achei quem pudesse ser minha entrevistada.

Achei um livro que o Rubem Alves cita no "Conversas com quem gosta de ensinar". Do C. Wright Mills, é o "A Imaginação Sociológica". Depois de também desistir de ler a "Pedagogia do Oprimido", por pura fraqueza de espírito mesmo, fui dar uma olhada no índice: para aumento de minha tristeza, pareceu-me um curso de introdução às ciências sociais. Fechei o livro.

O Rainer Maria Rilke diz para gente olhar para dentro de si e fazer uma obervação: não uma análise, mas sentir o que nos faz bem, sobre o que podemos falar, o que nos faz felizes. Uma aula de poesia, uma aula de vida. Claro que ele não se expressa com essas palavras. Infelizmente, também não tenho coragem de terminar o livro - que é minúsculo.

Ah, e minha última frustração: jurei que não compraria mais livros além dos acadêmicos pedidos pelos professores. Traí-me: comprei o "Além do bem e do mal", que desisti de ler no mesmo dia.

Teria um colapso nervoso se não houvesse uma bebê na minha vida.

[]'s a quem leu o post e ouviu minhas inquietações pouco lógicas e desorganizadas.

4.11.05

Fotografia

Luz escrita e guardada na moldura.

Dois:
Ela, de melenas contra o meu rosto,
olhos curvos, sorriso largo, alegre verdadeiro.
Eu, de óculos arregalados: meus olhos não enxergam.
Fazendo careta, costume infatil e necessário,
porque não quero crescer.
Deus me livre.

Minha dona: tão bom pertecencer àlguém.

O amor é degustado como um pratão de um quilo,
daqueles que o meu pai pesa quando vai comer fora.
Muito amor, muitos meus:
pela união da primeira pessoa,
contra a dicotomia do nós, do plural,
muitos meus se amostram, se falam,
registram, até na foto-grafia,
o amor que é único porque é de dois em dois.
Ele anda de mãos dadas consigo mesmo,
e nós todos somos marias
que seguimo-lo, cegamente - de outro jeito não presta.

Amor é dois, é único, é universal.
Amor não é só um, só dois.

(é só uma)

Amor não tem forma só-um:
tem forma só-várias.
Amor é que eu quiser que seja;
é como nós vemos.

Desculpa, Bandeira,
mas alma ama, sim.
Essas janelinhas, elas é o amar quem abre,
e aí pronto.

O amor está nos olhos de quem vê.
E a foto-grafia, embora presa pela moldura,
foi escrita com libertas, harmoniosas rimadas de luz,
e só de ver o rosto do meu bebê,
já dá vontade de sorrir e mostrar os dentões.

Porque amar é olhar.

Sobre aquela propaganda

Sabe aquela que tá passando agora; da mulher falando do amor. Ela até fala hedonismo e ouras coisas massa. Quero o que ela fala: é lindo e verdadeiro.

3.11.05

Vou postar intermitentemente aqui

Sacrificar a quantidade pela qualidade. Não é uma troca tão horrenda assim.

[]'s

1.11.05

Sem paciência

Esse semestre eu tô muito sem paciência.

Não tô com saco de comprar livro. Nem de começar a ler outros diferentes do que estou lendo. Estou sem base teórica ou bibliográfica. Não tenho um mentor. Só tenho indicações de amigos. Tenho que terminar de ler os que eu comecei e cheguei no meio. Tenho que ler os textos de literatura comparada - que, infelizmente, não acrescentam nada na minha vida - e de literatura brasileira: conto: esses são mais fáceis porque são literários, não teóricos. Mas ainda assim, eu não aguento mais ler Machado.

E eu parei de comprar livros. Não compro mais livros esse semestre. Só os que os fessores mandarem. Pelo menos, eu acho que comprei todos da bibliografia da Jesus, o que já é bastante coisa.

Nada a acrescentar na vida do pobre leitor: só mero desabafo contido. Que este post seja ignorado. Amém.

31.10.05

Para me lembrar de ler

A serem lidos:
Redação e textualidade, da Costa Val. Esse a comprar.
Curso de lingüística geral, do Saussure. Comprado.

Terminar de ler o Cartas a um jovem poeta, do Maria Rilke.
Terminar de ler o Lutar com palavras, da Irandé.
Terminar de ler o Introdução aos estudos lingüísticos, do Chico Borba.

Reler muito, principalmente. Reler é o mais importante.
E discutir. E ensinar.
E amar.

[]'s

29.10.05

Mundo retangular

Do meu computador
eu vejo o mundo:
não olhando pra frente, mas
para o lado.

Porque do lado tem a porta pra fora:
pras árvores que, há dezenove anos, balançam com o vento
e, graças aos céus
e ao dono do sítio,
ninguém nunca as podou.
Junto com o vento e com a chuva de de vez em quando,
e melhor quando é chuva e vento juntos:
dá pra ver como que uma aura sobre os telhados aqui próximos,
como se as sujeiras e os espíritos maus escorrecem
pelos tetos, fugindo da purgação chuvácea.
Fogem próximos às telhas, quase se agarrando,
não querendo ir:

eles se alimentam de nós.

As montanhas, que eu não tenho certeza de onde são,
azuis, lá bem longe, lonjão,
quando tem a chuva nem dá pra ver.

As cores: vermelhos, verdes,
- muito verde -
branco das nuves, azul do céu,
e carneirinhos, quando deus decide brincar comigo
e eu presto atenção.

E eu nem noto as grades na frente:
só vejo a paisagem:
ela é quase mental. Já internalizei,
tá aqui dentro:
sou telúrico, enfim.

Brigado, senhor, pela minha porta aqui
do lado do meu computador.

O preço da arte

Olhar para dentro: descobrir-se. Angústia. Porque infância, mas não só ela, é desastre. Calamidades psicológicas. Crateras existenciais. Seria melhor esquecer. Mas esse é o preço da arte: olhar para dentro, perder-se, encontrar-se e encontrar aos outros e dizer-lhes: comem de meu pão e bebem de meu vinho, no sentido mais carnal quanto necessário: comem de minha carne e bebem de minha alma. O artista, nu, se entrega ao outro, pronto ao fuzilamento. Ou abraço fraternal. Encontra-se na obra: todo poeta é lírico. Cosmovisão é tudo. Não sou aquilo fora de mim, eu sou eu, assim como a arte é arte, mas a arte - e eu - se nutre do real, do mundo, das pessoas.

Como diz essa lindíssima capa da Gal:

todas as coisas
e eu

[]'s

28.10.05

O poder das palavras

Nunca tinha acreditado ou entendido direito aquela história do "as palavras ferem muito mais do que não sei o quê". Odeio palavras.

Se pudesse, nunca mais falava.

[]'s.





ps: desculpa.

O começo do meu dia.

pesadelo.

Depois da maior parte do sonho, que eu não me lembro como foi, a gente - eu, um cara lá e outro cara fortão - sentou nos pés de uma casa lá, quase uma catedral, com a fachada grande. Daí, não sei porque motivo, eles foram pra num sei aonde que era longe da onde a gente tava, e eu segui eles. Só que depois a rua onde a gente tava ficou cheia de pessoas - muitas mesmo - e eu fui me embora, sem eles.

Isso já tinha acabado a aventura principal do sonho, que acho tinha algo a ver com fantasmas.

Sim, aí. Aí, eu me toquei que tava sem chinelas. "Porra, esqueci minhas chinelas lá." Daí voltei aquela construção da fachada grande, mas quando ia entrando, a rua não tinha ninguém andando por ela, ninguém gastando asfalto, só um cara lá na puta que pariu e outro que tava vindo na minha direção, mas não olhava pra mim. Entrei duma vez. Peguei as duas chinelas.

Adentrei mais um pouco na igreja - chamemos de igreja: imaginem um galpão bem grandão, com o teto alto, as paredes pintadas de amarelo e nada dentro - e quando eu virei a cara, o cara num tava com uma arma cinza na mão ? Eu me caguei todim. "Puta merda: e agora ?"

Fui falar com o vigia, mas ele, quase que me expulsando, disse que eu tinha que ir mais é embora que ele não ia me ajudar não. "Não, não, num quero gente desse tipo aqui não. Vá simbora."

"Desse tipo" era o cara com a arma lá.

Eu num fui embora, lógico, e o cara viu nós dois e correu mostrando a arma. Eu saí correndo, e não sei porque: sempre nos meus sonhos eu corro estranhamente devagar ou quase escorregando. Daí eu e guarda fugimos prum canto lá que tinha uma escada estreitíssima e subiu o guarda e o ladrão - chamemos de ladrão - passou por mim, mesmo com as insistências do guarda. "Olha ele ali embaixo ! Olha ele ali embaixo !"

Eu saí correndo pro outro lado, só que daí o ladrão apareceu atrás de mim justo quando eu saía da igreja. Deu um tiro, eu segurei a arma, fiz com que ele desse mais dois tiros pra cima, mas aparentemente, as balas não acabavam. Eu corri para dentro da igreja, ele atrás de mim.

Não me lembro como aconteceu, só que depois de mais alguma perseguição, um outro ladrão colocou uma arma na minha cabeça. Daquelas 9mm, preta.

Daí, do nada, surgiu uma pequena esteira de fabricação de balas atrás do segundo ladrão. Eles pegaram as balas, e o vigia implorou pela minha vida. Naquela hora, ele conseguiu: os ladrões saíram falando em inglês: "Okay." Mas não foi só isso, eles disseram mais coisa, não me lembro porém.

Eu sabia, contudo, que quando saísse da igreja, eles iriam me tacar as balas. Não saí.

Nesse momento, acordei.

Culinária amorosa.

Amor é sal e açúcar ao mesmo tempo.

Explico: amor é a única coisa que, em demasia, não estraga. Partindo do princípio de o amor torna a vida mais doce, o amor é açúcar. Mas açúcar demais enjoa, então o amor não é só açúcar; é também outra coisa: sal.

Para que a vida não fique insossa. Temperada e açucarada.

Deu para entender?

27.10.05

Sim, eu sei.

Minhã é meu niver, estou ligado. Não precisam me lembrar. Não gosto de parabéns.

Mas não te preocupe: não vou matar que me desejar felicidades.

[]'s

26.10.05

sem maiúsculas.

diz que o conto entrou no bar, certo ? e no bar estavam bebendo o romance, a poesia. o barman era o escritor. o leitor mexia no jukebox, enquanto o chomksy discutia amigavelmente com o sausurre; o labov já tinha se cansando e fora para casa.

meus pensamentos não consigo convergi-los. esses aí tão sendo os meus dias: lingüísticos; não que seja ruim, mas está-se criando uma rotina. e tá começando a cansar.

24.10.05

Dia improdutivo.

Mas tirei questionamentos mais o A.D., lá na palestra mó mentira no Banco do Nordeste.

1.O que é capacidade textual?
2.Qual a diferença entre contextualização e situacionalidade?

Na verdade, essa ele explicou, mas o cara lá tava falando e eu num ouvi nem entendi direito.

3.O autor pode ser leitor?

Questione e POSTE!

23.10.05

É ou não é?

Toda demanda é uma demanda de amor.

Jacques Lacan

E a quem interessar possa: está em inglês.

Quando lemos ou escrevemos.

Leitura e escrita são atividades solitárias apenas aparentemente: há sempre um alguém do outro lado, disse a Irandé Antunes. Escreve-se para alguém e lê-se para alguém.

E o homem é um animal muito interesseiro mesmo. No bom sentido. O melhor possível.

Abraxas, babies.

22.10.05

Rubem Braga e James Joyce: dois homizão.

Não que o título tenha a ver com o post.

Oh, well.

Subi a porta e fechei a escada.
Tirei minhas orações e recitei meus sapatos.
Desliguei a cama e deitei-me na luz.

Tudo porque
Ele me deu um beijo de boa noite...

Autor anônimo

Este texto é coerente porque a gente entende, depois de ler a última frase. Nós podemos recuperar uma unidade de sentido, justamente porque sabemos o efeito arrebatador do beijo enamorado. Lingüística textual rocks.

[]'s.

Perdi duas idéias.

Eram tão legais. Acho que foi hoje de manhã. Bem feito: não anda com cadernim, nisso que dá.

Comentem, porra! Pelo bigode de Joyce!

20.10.05

Do fim do tempo.

No dia 10 de agosto, quando ainda chovia no fundo do quintal, abri meu guarda-chuva esperando que o sol aparecesse. Mas isso não acontecera, então tive de voltar a dormir. A grama lá fora estava tão macia que decidi dormir ali mesmo. Puxei uma cadeira, sentei-me: adormeci estirado na madeira dura. Nunca tive muita carne nas nádegas, e isto me incomodou um bocado: demorei a pegar no sono. Após acordar, com o sol, fui-me para dentro de casa. Lembrei-me de que quando o sol nasce, a lua se fecha: tem de se abri-la: esse é o meu trabalho. Guardo a lua dentro de minha casa e todo dia espero que a chuva cesse para que possa tirar o astro de sua caixinha pequenina. É um erro pensar que ela se abre, muito comum: quem se abre é a caixa. E, a quem interessar, também há outra caixinha, onde guardo a luz da lua, que deve ser aberta junto quando se abre a da lua. Abrindo a lua, abre-se a luz: inevitável. Impossível fazer de outro jeito, abri as caixas, e senti minha pele queimar: deveria escolher um sucessor. Nessa hora, senti o céu se fechar, o sol desaparecer e o paraíso inteiro se voltou para mim, esperando uma decisão, ansioso. Não pestanejei: designei meu filho, que também dormia lá fora, na grama já seca pelo pouco sol.

- Filho, acordai! És o novo abridor da lua!
- Agora não, pai.
- Sim, agora! Vamos, o mundo, a noite, o tempo espera-te! Anda!
- Você passou a chuva inteira dormindo, me deixe por algum tempo aqui.
- Não! Sua família mundial depende de você! Anda! Ide! Abri-a!

O filho se levantou, resignado e bufando, mas o pai havia trancado a porta pelo lado de fora, sem querer. Com eles, só restava o guarda-chuva, o paraíso, a cadeira e todo o resto.

Olhar para cima.

Nunca tinha olhado para cima: não no banheiro. Naqueles cubículos pequenininhos, que o fedor da bosta sobe e se instala nas paredes. O enxofre inebriante me obrigou a subir o olhar, fugindo da tontura: percebi: não havia teto nas paredes; eram como aqueles chuveiros militares sem divisões. Nesse, havia divisas entre as cabinas mal-cheirosas. Atrás de mim, em cima, olhava-me um daqueles negócios onde se enroscam as lâmpadas: sem lâmpada. Notei que em nenhum havia lâmpada. Sem luz: sem ver a merda nadando na água que quase salta do vaso.

Mas haviam colocado água na caixa naquele manhã.

Na rua.

Adeus. Ele também. As mãos cumprimentaram-se, cordialmente. Não que tanta formalidade fosse necessária.

Os pneus do ônibus rugiam na rua. Mãos dadas. A água tentado atingir o calçadão novamente. Mãos dadas. Sol queimando: mãos dadas.

Dadas não: concedidas, apertadas, porque o amor - havia amor - era fraternal. Não que não houvesse o sexual ali: havia. Mas ouçam o amor quando ele fala pela pele. Tudo fica mais apertado, mais junto. Amor é um colo macio, é uma rede no alpendre de tarde.

Mãos dadas. Desfazem-se em rotina, novamente, mas sempre lembrando dos dedos entrelaçados naquela rua, apressados.

19.10.05

De Uns Passarinhos.

Os passarinhos batem na portinhola do banheiro, aquela que fica em cima do chuveiro, para o sol entrar, sabe? Eles bicam a janela, como fazem aqui em casa; lá, é na hora que ela toma banho: aqui, é no levantar, lá pelas seis. E não são poucos os penados, não. Vem de bando de três, ou dupla, ou mesmo um. É: de quando em vez, unzinho vem, só, bater na janela, estranhando a imagem refletida do vidro fumê. Aliás. Isso era o que eu achava: depois qu'ela me falou dessa história, descobri que tão bicando mesmo é a gente: são gentis demais para fazê-lo de uma vez: fazem por tabela, cutucando o vidro. Bicando a gente, como faz aquele final de tarde, que parece com o domingo todim e as noites de chuvas - estas últimas nem tanto. Bicam, cutucam, nos colocam para pensar, refletir, mas é reflexão esparsa, jogada, sem fundamentos filosóficos, o pensamento se embolando nele mesmo, tentando entender-se sem se desemaranhar. A mulher procura um motivo para ficar triste, sem tê nem porquê - porque ficamos tristes naquelas outonais: as amarelas, de comunhão com todo o resto que não a gente, os finais de tarde, começos da semana. Nessas horas, a nossa gaveta - porque a mente é uma gaveta - se abre e despenca no pé: de repente, percebo novamente que existo de novo. Esses passarinhos estão aqui e ali, lá e cá, para lembrar todo mundo - eu e ela, ao menos - que aquela sincronia do Jung existe: o universo, simplesmente, faz sentido; não faz porque alguém disse ou deixou de dizer: só por causa dos passarinhos mesmo. Culpa deles.

18.10.05

Muitas murissocas.

Tem muitas murissocas no meu quarto. Céus. Céus. E céus.

Da Igreja do Diabo.

1. A metáfora principal do conto é a das capas de veludo com franjas de algodão. O veludo é a nossa máscara social, metade que mostramos a outrem; as franjas de algodão são a parte nossa mais vulnerável a desvios.

2. Dito isto, posso repetir a frase do próprio Diabo, ao ter a idéia da sua igreja:

"Há muitos modos de afirmar; há só um modo de negar tudo."

A transgressão das preceitos diabianos, ao final do conto, ilustram bem essa afirmação. As pessoas, na sua eterna contradição humana, quebram as regras - negam-nas - justamente por serem regras.

Depreende-se - deduz-se, compreende-se, percebe-se, infere-se - então a natureza humana pela ótica de Machado de Assis: o ser humano é um animal transgressor, desobediente, quebrador de regras, contraditório.

Interessante que as trangressões são realizadas sub-repticiamente, às escondidas. A manutenção das máscaras sociais é importante; está entre uma das máximas da boa interação social pelos olhos de Machado: não importam os paradigmas que regem as interações das pessoas: o que importa é que estes devem ser mantidos, para que o indivíduo não caiam em desgraça social.

E, como sempre, Machado retira de si a responsabilidade pela veracidade da história: entrega-a à um "velho manuscrito beneditino." Bicho fulerage.

Sumando: capas de veludo, franjas de algodão; capas de algodão, franjas de seda, não importam: a gente rasga tudo mesmo.

Deu pra captar ?

17.10.05

16.10.05

Erich Maria Remarque.

Em guerra, os soldados não pensam ou sentem: os instintos dominam.

A guerra é feia, é covarde. Sua única utilidade é nos mostrar o como ela nos serve para coisa alguma.

É vírus que não mata por fora; corrói por dentro, e a luta do soldado não acaba à paz; dura até a morte. Talvez além.

Da estrutura da língua.

Se você que me lê entende o que quero dizer, então é porque entre nós existe um acordo de como nós vamos nos comunicar. Nós concordamos que o melhor modo de expressar idéias é através destas letras aqui que formam palavras. E estas palavras nos lembram de certas coisas do mundo com as quais nós vamos construindo toda a informação, até que nos entendemos.

Então, este acordo, que implica regras, chama-se estrutura ou sistema. E cada palavra é chamada de unidade. Um conjunto de unidades é o que forma o sistema.

Se eu escrevo a palavra eu, o caro leitor pensará justo em quem escreve estas linhas. Mesmo que não conheça meu rosto, saberá que esse eu se refere - lembra, evoca, representa - ao escritor do post.

Se escrevo boi, o caro leitor não pensará num disco voador ou no Freddie Mercury; com efeito, pensará naquele animal com dois chifres, de quatro patas, mamífero, macho, o marido da vaca, essas coisas. Isso porque o nosso cérebro trabalha por um método muito interessante: nós ouvimos boi, e essa palavra irá nos lembrar da imagem do animal, mas não antes de comparar esta com TODAS as outras imagens - todas mesmo: de gato, de ganso, de gente, de livro - que temos armazenadas na nossa memória.

Assim, nós fazemos a escolha pela imagem socialmente estabelecida, aquele que todo mundo diz que é. Se você me pedir para apontar um boi, eu não vou lhe mostrar os meus órgãos genitais: vou lhe mostrar o boi, se houver algum por perto.

Então as palavras só nos lembram de certas coisas porque nós fazemos uma escolha baseada em critérios sociais. Os significados das palavras se constroem por diferenciação: uma palavra só significa uma coisa comparada com algo que não for essa coisa.

Assim, o sistema da língua é o conjunto de unidades que se relacionam por diferenciação.

Isso baseando-me nos meus conhecimentos esparsos e parcos.

Será que deu pra entender ?

15.10.05

Lembretes.

Ainda não: estou instalando mil coisas no PC renovado pelo enésima vez. Acho que vou desistir de mexer em computador. Sempre dá problema.

Rapaz, eu sou muito sensível. E tudo que eu posso fazer é me desculpar.

Desculpe-me.

Agora, aos lembretes.

Redirecionar minha libido para atividades intelectuais.
Ficar menos desastrado.
E tantas outras coisas, meu deus. Tantas outras coisas.

14.10.05

INFP.

Introvertido.
Intuitivo.
Sentimental.
Perceptivo.

Não que seja redutível a isso, nem que esteja fora, mas nos é inevitável categorizar a realidade. Culpa dessa nossa aptidão lingüística, meu caro. Culpem deus.

Ámem.

Ah, e perdi toda a minha produção literária (literária?) quando meu HD queimou. Não vou me desesperar: ainda não fiquei sem palavras.

Alguém ainda lê essa porra ?

9.10.05

Aleatório.

Meu
Seu
Não
É
Porque.

Sobre a pós-modernidade (não que necessariamente tenha algo a ver como poema acima)

Somos seres em pedaços. Não que algum dia tenhamos estado inteiros e só agora a gente se partiu, mas é que antes já tava tudo quebrado e não tínhamos nos tocado. Somos um bando de quebra-cabeças ambulantes, com um bocado de peças faltando. E, pelo que eu pude entender até agora, juntar todas essas peças não é possível. Que é o que a psicanálise diz: tranformar uma neurose fuderosa numa infelicidade banal. Ou sejal, a gente não pode ser feliz completamente, sem ter problema na vida.

Mas a gente pode/deve tentar.

E se alguém ainda ler esse blog, e tiver algum fio de paciência e força nas falanges dos dedos, poste uma interpretação daquele poema ali em cima, por favor. Não precisa ser grande, mas escreva.

E, segundo o livro "Arte e Psicanálise" daquela coleção passo-a-passo, a arte moderna e a psicanálise surgiram na mesma época. Se não me falha a memória, lá em 1900 e pouco, no começo do século/milênio passado. Com o Paul Cezánne - pintor - e Sigmund Freud - psicanalista.

Ciao.

8.10.05

Fortíssimo.

Meu computador não voltou do conserto. Arriégua.

Nada a dizer. Só que eu também nunca guardei rebanhos. E minhas ovelhas são parcas.

[]'s.

5.10.05

Leçon.

Le-la-ei hoje de novo. Roland Barthes fala da linguagem e sua tradutora é competente.

Meus posts estão concisos, sim. Meu computador retorna do rapto sexta-feira. A escritura retornará ao seu fluxo normal a partir do dia acima citado.

Sinto saudade de escrever. Segundo o Maria Rilke, eu teria o direito - mínimo, mas isso quem diz sou eu - de ser escritor. Algo assim, mal transcrito:

- Mas há de ser o caso do senhor não ser escritor. Basta pensar que poderia passar a vida sem escrever para não ter mais o direito de fazê-lo.

Abraxas (que é abraço, além de do deus tal lá que conjuga em sua coisa o Bem e o Mal).

3.10.05

Concisão.

Sem computador. Vírus. Conserto.
Faculdade. Literatura. Lingüística. Textos. Vários. Muitos.

E um amigo meu, ao sair do elevador e me encontrar, indaga, feliz:

- Aê, cara ! Como vai a vida ?
- Manústica.

Abraxas.

29.9.05

Metamorfose estanque.

Não gosto de me definir como uma metamorforse ambulante. Tenho abuso. Além da rotina ser inevitável. E quem não acredita, é burro. Com todo o respeito.

E adoro sebos. ^.^

Abraxas.

28.9.05

Cartier-Bresson.

É um cara tentando pular por uma enorme poça d'água.
Ou é a gente, parado no ar,
sem poder pular por cima dessa poça
tão pequenina, mas que volta sempre,
apelidada vida ?

De dentro de um livreto.

"VI Definição de Paraíso

Mas o difícil, na sua descoberta,
é saber para onde, ler na sombra
a hora de nos apaixonar."

Marcos Konder Reis

Esse cara bota muito quente. Muito quente mesmo. Que nem gelo.

Abraxas.

Centésimo Sexagésimo - Dos direitos e além um pouco deles.

Vou votar contra o desarmamento.

Significa que eu não quero que a venda legal de armas no Brasil seja proibida. Além de mim, meu antigo professor de física do sete, Ulisses, também vai votar contra, e o que, afinal, o Ulisses não sabe ?

O meu pensamento não se desenrola em termos práticos, pragmáticos, úteis ou elaborados. Muito menos simples e rápidos. Ele se desenvolve a partir dele mesmo, depois ele sai, depois ele volta de novo, depois ele vai na cabeça de outra pessoa, depois ele volta, depois ele decide. Eu não decido nada. Só as palavras nos versos e as linhas mal-escritas. O resto ? Que me importa o resto ? O egoísmo me poupa de muitas angústias de noites mal-dormidas, o orgulho me salva do ter que me explicar para outrem e as dúvidas cansam depois de certo tempo.

Só mesmo a eternidade de um instante e o desejo de que deus exista.

Abraxas.

27.9.05

Centésimo Qüinquagésimo Nono - Do modelo.

Depois de uma batalha hercúlea contra o HTML do template do malito, conseguir deixar o blog do jeito que eu queria. Ou quase.

Incrível como sou perfeccionista apenas com as coisas mais bestas.

Abraxas.

Centésimo Qüinquagésimo Oitavo - Ah !

Para quem quiser ver, hás contos no Jornal do Conto. Ide ! Lê !

Minhas bibliografias desse semestre são enormes. Céus. E ainda nem vi todas as cadeiras.

26.9.05

Centésimo Qüinquagésimo Sétimo - Tarde demais.

É que não tem problema. O problema é justamente esse. Mas, falando mais do que especificamente de mim, o que não exclui os outros de modo algum: tá tudo acontecendo tarde. Não que o comigo seja diferente - longe de mim: isso seria especial. O povo sabe como isso já aconteceu com o Saramago, no Saramago.

O autoconhecimento, a automartirização, a revolta sem causa, com causa cega, surda e muda e todas essas frescuras que só acontecem quando a gente é mais novo, e é resolvido quando a gente é mais novo.

As poucas vidas que a gente tem, meu deus do céu ! Só me conta agora dessas coisas, senhor ? Então não tem mais jeito pra. Até pra copiar coisas dos outros ! Pra não copiar, tem que acontecer cedo, pra gente se definir cedo, pra saber quem são seus amigos cedo, pra andar nos lugares certos cedo, pra fazer as coisas que gosta e evitar as coisas que não gosta. Tudo cedo, cedíssimo.

É aquela caixa preta do behaviorismo: só estímulos e respostas. Estímulos e respostas. Estímulos vorazes, ávidos de alguém, e respostas medíocres, cegas, ou pior, que não querem nem ver ou não tão nem vendo.

E tudo me parece tão inútil, meu deus. Será que não dava pra pular essa parte não ? Não: isso seria especial.

Centésimo Qüinquagésimo Sexto - Arriégua !

- Tem o Caio Cid, o Caio Porfírio Carneiro, o Caio Negreiros, o Caio Fernando Abreu...
- É ! É sim !
- E tem um agora que chama Caio...Marinho ? Acho que é assim... Esqueci o resto.
- OUTRO ?!
- Ééé...
- Ave maria. Deus me livre. Tá bom.


Não me perdoem: eu já aconteci.

Centésimo Qüinquagésimo Quinto - Você mia ?

Se não, comece. É bom.

Eu peço a você que me lê que arranje um tempim para comentar. Me desculpe. Não queria ficar implorando por comentários. Mas rendo-me a imposição da própria natureza do universo bloguista. Comente, e, no comentário, coloque o endereço do seu blog. Eu, como bom viciado, irei no seu, le-lo-ei, não linka-lo-ei, provavelmente não comentarei, mas, considere-se lido, que é o que mais importa lá debaixo da terra.

Obrigado.

Meu primeiro dia de aula foi sacal. Descobri que tenho cinco cadeiras e três professores. E o pior é que as cadeiras com o mesmo professor são todas no mesmo dia. Raios, mas não seria de outro jeito. Tomara que essa tal de Sarah num-sei-oquê ensine fucking bem.

Eu sinto que a partir de agora - e até as próximas férias - meus posts vão ser bem "como foi o meu dia." Céus. Deus nos livre.

Acho que vou fazer dessa: posto o post em prosa, e no final meto o poema. Meu ou de quem eu quiser colocar. Conhecido ou não. Ilustre ou não.

Aliás, procuro, sim, soluções

Eu trabalho com problemas.
Não tenho soluções.
Não procuro soluções.
Minhas palavras não falam do que eu sei:
falam do desconhecido, mistério.

Minhas palavras são areia movediça
e vou me afogando
de pouquim em pouquim.

CMR

Beijos.

25.9.05

Centésimo Qüinquagésimo Quarto - Baby, baby, baby.

Preocupado.

Não por mim.

Centésimo Qüinquagésimo Terceiro - Aulas.

Amanhã começam as aulas, baby. Passei em todas as cadeiras, algumas pelo NEF - recuperação. Belesma. Minhas cadeiras deste segundo semestre na minha faculdadezinha das letras:

Morfossintaxe da língua portuguesa.
Fonologia da língua portuguesa - que, aliás, é a primeira de amanhã.
Sociolingüística.
Literatura comparada.
E literatura brasileira: conto.

Estudei nestas parcas semanas de férias ? Claro que não, ora minhas bolas. Amei muito. Amei muito, e só agora percebi o quanto me fez bem. Se bem que já antes estava percebendo o quanto é bom pertencer àlguém, o quanto é bom cuidar de alguém, cuidarem de você, dormir junto, abraçado. Graças aos céus que não fui inventar de estudar !

^^.

Gastar meu tempo estudando ? Nam. Procure, leitor, aquele poema do Pessoa, que ele explica como é bom ter um livro e não ler. Você vai entender o que eu estou dizendo, se não estiver sendo claro agora. O que eu acho difícil, a não ser que o caro leitor tenho algum sério problema de cognição.

Beijos.

Centésimo Qüinquagésimo Segundo - Do Orkut.

Um tal de Carlos Andrada entrou nos meus scraps e deixou o seguinte recado:

"Olá, sou novo no Orkut, quero ser seu amigo. Conheça meu blog onde eu tenho meu diário virtual: http://www.uniblog.com.br . Lá você também pode criar o seu e divulgar suas idéias e pensamentos. (65573)"

Daí, eu, ao ver o profile do dito cujo, percebi que o infame tem 177 scraps ! Ou até mais ! Só de gente perguntando "quem é tu ?", "se tu é novo no orkut, porque não escreve um profile ?" e "como tu tem tanto amigo ?"

Essas coisas.

Mas o que me intrigou foi ele mencionar que é blogueiro. Rapaz, quando ele me mostrou o endereço, prontamente abri uma nova aba do meu Mozilla Firefox 1.0.6 (foda-se IE !) e então:

"Crie seu blog em três passos rápidos e fáceis !" Em letras garrafais !

Juro como a tentação foi grande.

Criar outro blog. Sim, adoraria. Morreria de paixão. Atualizaria todo dia, como este, que manda 24 horas por dias, 7 dias e meio por semana mandar as pessoas se fuderem. Mas por quê ? Para quê ? Com qual motivo ? O que me levaria a escrever em outro canto o que eu escrevo aqui todo fucking santo dia ? Céus, seria muita esculhambação ! Mais um blog !

Eu quero um motivo. Já vinha namorando essa idéia de fazer outro diário virtual - que nunca é bem um diário - há algum tempo. Me falta somente o motivo. Unzinho. E o outro tomará forma.

Beijos bloguistas.

24.9.05

Centésimo Qüinquagésimo Primeiro - Não tenho nada para escrever.

Retirei o pré-molar direito, mas isso eu já disse.
Não retirei a angústia da minha alma, mas isso eu também já disse.
Já disse que sou feito de palavras ?

Retrato

Sem rosto: palavras.
Sou sonho encarnado,
herdeiro do Verbo.
Sou matéria orgânica desenhada por linhas tortas.
E meus olhos são pouco mais que
opacos monossílabos.

CMR

Beijos inchados.

23.9.05

Centésimo Quinquagésimo - Suplício.

Duas horas de agonia. De suplício. De dor. De frio. De tremedeira. De "rrrrrrrr". De sangue.

Acabei de cuspir uns dois litros de sangue. Céus. Pareceu que eu tinha uma úlcera estourada no fucking estômago. Agora me preparar psicologicamente para as duas próximas semanas de.

Dor não é suficiente para o que vem. Desespero se aplica melhor.

Beijos ?

Centésimo Quadragésimo Nono - Ai, ai.

Tô sem saco de postar aqui. Tá de manhã, tem sol na minha cabeceira e já, já irei sair para fucking tirar meu outro pré-molar.

Se a médica disser que eu vou perder mais duas semanas de aula - ou o primeiro dia, o que é pior - me recuso a fazer a operação. Desmarca e remarca para dezembro, quando eu vou tá de férias.

E é bom que também adia meu exame - argh ! - de direção.

Céus. Só de pensar, já me dá um mal-estar.

Nada de beijos. Vou vomitar metaforicamente ali.

Centésimo Quadragésimo Oitavo - Outro blog, outro blogueiro, outro texto.

Encontrei a escritora no mundão do orkut. Abaixo, o belíssimo e verdadeiro texto. Logo após, o site - que ela não atualiza desde 10 de julho. ^^".

Gente que vale a pena ser lida na internet: sim, existimos.

Beijos.

"As palavras curam...

- Nunca pensastes que as palavras curam?
- Não imaginava que fizessem tanto...
- Elas são as lágrimas da alma, são o desague dos sentimentos mais profundos que habitam em ti.
- Eu não consigo pô-las para fora... eu só sei chorar...
- O choro são as lágrimas da carne, como queres desabafar as da alma senão falas o que sentes, o que queres?
- Nunca as pessoas compreenderiam os meus lamentos, os meus sofreres...
- Experimenta escrever, botando para fora tudo isto que te atravessa como lança, o peito. E não precisa mostrar aos outros o que escrevestes. Para teu espírito se libertar, basta que escrevas tudo o que sentistes, sentes e queres sentir. Não importa quantas folhas saiam. E depois guarda se queres no futuro voltar a ler e comparar aquilo que sentias ou queima se queres simplesmente deixar que os sentimentos se vão.
- Bom...
- Os seres humanos conversam para se curar, não é a toa que os amigos são os tesouros de suas vidas. Eles se escutam, aconselham e secam as lágrimas uns dos outros dando esperança. É por isso que desabafam, e depois se sentem aliviados. Suas almas ficam livres daqueles espinhos que foram lançados ao vento."

Ana Carolina

Blog desatualizado: um anjo Me disse.
Flog aparentemente atualizado: expressão constante.

22.9.05

Centésimo Quadragésimo Sétimo - Da Poesia.

- Faço poesia.
- Poesia ?
- Sim, poesia.
- De que tamanho ?
- Poemescos curtos e grandes.
- Poemúnculos ?
- E poemísculos.

Centésimo Quadragésimo Sexto - Machado & Capitu.

"Olhos de ressaca ? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca."

Dom Casmurro

Relei-o para resgastar minha alma. Perdera-se em meio aos milhares de paradidáticos do colégio nos tempos áureos em que se lanchava com um real. Agora tento compensar a pequenez dela relendo os clássicos perdidos. É bom, faz bem.

Beijos machadianos.

21.9.05

Centésimo Quadragésimo Quinto - Da onde, meu deus ?

- Da onde, minha mãe, que namorar todo dia enjoa ? A senhora, com todo o respeito devido, obviamente, nunca sequer sentiu o bafo da halitose do amor. E olha que o cheiro é fodônico, viu, progenitora minha ?

Enfim, faço jus ao nome do blog.

Ide fuder-vos, homens de mal ! Assim vos proclamo, assim seja feito ! Não em nome do pai, não em nome dos bons costumes, não em nome da moral, não em nome de nossa senhora. Deus sabe que esse povo tá muito ocupado com os próprios problemas.

E sede coerente em tuas poesias, babies ! Pelo amor de deus !

Beijos suplicantes.

Centésimo Quadragésimo Quarto - Olha que legal.

Dedicated to all the lonely people.

Beijos.

Centésimo Quadragésimo Terceiro - All the lonely people.

A todas as pessoas solitárias.

Não quero ser uma Eleanor Rigby.
Não quero ser um padre McKenzie.
Não quero ser uma ilha.
Não quero ser todo mundo.

Eu tenho medos. Tenho medo de ter medo.
Tenho medo de ter medo ser tudo que tenho.
Tenho medo de ser enterrado sozinho com meu nome.
Tenho medo de perder o meu passarinho de bronze.

Não ! Tudo menos meu passarinho de bronze !
Ele que me segura,
E sabe disso.
Mas, se todo eu
caísse nas costas dele,
a responsabilidade explodiria pelos tetos.
E meu passarinho também.
E, apesar de ser meu passarinho de bronze,
também ele tem problemas.
E eu luto e luto e luto
para tentar também ser
um passarinho de bronze para o meu.

Mas tudo que faço é chorar baixinho,
escondido,
segurando todos os gritos,
desesperado por não poder gritar,
atento se não vem ninguém,
silencioso,
nos afagos noturnos
do meu travesseiro:

"Cadê...o meu bebê ? Eu quero...o meu bebê..."

Centésimo Quadragésimo Segundo - This is your life.

1.Não consigo dormir no meu quarto. Nem com o ventilador. Deve ser porque me enrolo com a colcha da cama, e não com o lençol mesmo. Tentarei novamente.

2.Nada fucking melhor para acordar do que tacar o fucking AC / DC no Windows Media Player.

3.Tive sonhos com amigos. E com outras coisas que agora não me lembro.

4.Ah, e minha operação foi mudada para sexta-feira. Ou seja, vou ter que arranjar algum fator de cura para conseguir ir para a aula segunda.

5.Ah, também sonhei que não conseguia me matricular direito e não podia ir ver as aulas da faculdade. Deus me livre e guarde.

Por que ?

Porque, além de não ter o costume de escrever de manhã, aqui e ali eu fico sem assunto literário, e, sendo um isto aqui um blog, eu tenho a desculpa de falar de mim, da minha vida, e dos parcos acontecimentos que a permeiam, baby.

Um beijo. Só um.

20.9.05

Centésimo Quadragésimo Primeiro - Difícil escolher a preferida, mas poderia ser essa.

Deus sabe que não tenho o costume de postar letras de músicas. Acho que a última foi a do Megadeth. "Peace Sells."

Mas essa agora, além de ser uma das mais prazerosas de ouvir, é dos Beatles. Nada mais justificável.

"Eleanor Rigby

Oh, look at all the lonely people.

Eleanor Rigby picks up the rice in the church where a wedding has been
Lives in a dream.
Waits at the window, wearing the face that she keeps in a jar by the door
Who is it for ?

All the lonely people
Where do they all come from ?
All the lonely people
Where do all they belong ?

Father McKenzie writing the words of a sermon that no one will hear
No one cames near.
Look at him working. Darning his socks in the night when there's nobody there.
What does he care ?

All the lonely people
Where do they all come from ?
All the lonely people
Where do they all belong ?

Ah, look at all the lonely people

Eleanor Rigby died in the church and was buried along with her name.
Nobody came.
Father McKenzie wiping the dirt from his hands as he walks from the grave.
No one was saved.

All the lonely people
Where do they all come from ?
All the lonely people
Where do they all belong ?"

John Lennon / Paul McCartney

19.9.05

Centésimo Quadragésimo - Ying, Yang, Tao. Essas Coisas.

Diz que ele chegou pra ela:

- Acreditas em deus ?
- Não.
- Na amizade ?
- Não.
- Na vida ? Na morte ?
- Não. Não.
- Tu me amas ?
- Não.
- Por que não ?
- Porque não é porque sim.

Beijos enigmáticos e brincalhões.

Centésimo Trigésimo Nono - Da Inevitabilidade.

Ganho um amigo ? Tá lascado então. Amigo telefona do nada - depois de séculos sem uma sílaba - para perguntar besteira, falar porcaria, não deixa recado, não passa informação, não chama para almoçar, não convida para beber.

Enfim.

Graças aos deuses que existem essas pessoas. Graças mesmo.

Beijos, meus amigos. Todos vocês.

18.9.05

Centésimo Trigésimo Oitavo - O Homem, Hoje.

Nóis só prova que possui colhões dentro do sexo, quando conseguimos fazer a nossa companheira gozar, falei ?

Isso quem disse - não com essas palavras - foi a palestrante do Café Filosófico.

Beijos televisivos.

17.9.05

Centésimo Trigésimo Sétimo - Cecilinha E Cruz E Souza.

Ah, que o negão estava fucking certo:

"Toda alma num cárcere anda presa!"

Cruz e Souza

Não que esses grilhões espirituais estejam se manifestando no meu corpo físico - não agora - mas toda alma está condenada a algo. Não sei o que é, e nem sei dizer - agora - qual tipo de pena estamos sofrendo- ou expiando - mas sei que estamos condenados, leitor.

E em verdade, vos digo: a brevidade é eterna. Tão grande e longa quanto nossa condenação.Mas não tanto quanto nossas faces que perdemos nesses espelhos por aí.

Beijos fugazes e cecilianos.

Centésimo Trigésimo Sexto - Que Não Me Desculpem.

Mas o Heavy Metal é, truly, a música com os fãs mais ardorosos e fiéis. Todos temos suas pedras no caminho. Pode-se evitar, mas nem mesmo o Metal conseguiu removê-las.

Oh, well. Back to bloging.

Centésimo Trigésimo Quinto - Balanço Da Minha Vida.

Tenho que melhorar.
Tenho que estabelecer metas imediatas.
Tenho que amar mais.
Tenho que me masturbar menos.
Tenho que escrever melhor.
Tenho que aumentar minha auto-estima.
Tenho que utilizar o aparelho fonador que deus me deu.
Tenho que ler a Bíblia.
Tenho que ler o resto da Trilogia da Maldição, do José Alcides Pinto.
Tenho que terminar de ler o Harry Potter and the Half-blood Prince.
Tenho que postar todo dia no meu blog. Posts de qualidade, acima de tudo.
Tenho que deixar de fazer promessas sem fucking sentido.

Beijos. Para mim, que sempre estou a precisar de beijos.

16.9.05

Centésimo Trigésimo Quarto - Mas Vai Demorar.

Escrevo porque sou um ignóbil em vias de morte e é só isso que sei fazer.

Centésimo Trigésimo Terceiro - Terminei De Ler "O Dragão", Do José Alcides Pinto.

Eu não aguento mais, meu deus.
Tá bom, já chega.
Não quero mais as minhas mãos,
nem meus dedos,
nem meu sangue ou
minha alma.

A minha alma, meu deus,
pequenina,
esquecida pela história - não vou nem falar da com H maiúsculo.
Não vale a pena.
Não quando a alma é pequena.
Não quando a angústia é tudo que tenho.
Não.
Não quando aquilo que quero já é meu.
Não quando meus sonhos são atingíveis.
Não quando procuro respostas.

A vida vive de dúvidas,
a alma se alimenta de motivos,
não de porquês,
não de limites.

A minha alma, meu deus,
deixa ela ficar comigo,
deixa ela dormir junto de mim
dentro do caixão
para eu ter um companhia eterna
nesse mundo que vai vir
que não sei como é
e tenho medo de saber - e de quem sabe.

Tudo que tenho nesta vida
são minhas faces - palavras ? -
e a minha ínfima dor
que pouco material
silábico me empresta.

Me resigno, porém,
pois adaptação é meu terceiro nome.
O segundo é marinho.
E, como mar, venho e vou,
fico roçando o seio da praia
num quase ser-e-não-ser.

E, não obstante tudo, quase esqueço:
Nada me salva tanto, meu senhor,
como um abraço e um cheiro
daquele - que é nosso, antes de mais nada -
amor.

15.9.05

Centésimo Trigésimo Segundo - I Wonder.

Eu imagino quem me lê.

Tu mesmo. Aí, do outro lado.

Beijos para você aí, que me lê.

Centésimo Trigésimo Primeiro - Dreams, baby.

Quanto vale o seu sonho ? Eu falo daquele maior, o grandão - "the big one" - aquele que nasceu com você e atravessou, latente, todas as etapas da sua existência. Quanto vale aquele ideal supremo, quase inatingível algumas vezes, que você sonha desde garotinha ?

Não pergunto para ficar sabendo. Lembra ? "Puxa, o que era mesmo que eu queria ser ?"

Pergunto porque papocou este questionamento na minha cabeça nesse instante, quando pensava em escrever outro post falando de como escrever. Me pareceu uma pergunta justa, e que todo leitor deve se perguntar sempre.

Observação: quem não lê, não tem pergunta, nem porquê, nem motivo.

Pergunto para que os sonhos retornem à sua vida, pelo menos o maior, o inesquecível. Aquele todo programado, cartesiano, divido em etapas. Ou simplesmente aquele que nasceu de uma epifania, totalmente claro, límpido como bumbum recém-lavado de nenêm, aquele que tem tudo para dar certo ou nasceu para deixar nunca de ser sonho.

Pergunto para que você se lembre daquela - aquela, lembra ? - imagem perdida do futuro, quando o presente é tudo que importa. Quando a gente batalhava para aprender a colocar os dois pés nos pedais sem cair, quando dar a curva andando de bicicleta era a maior pedra no nosso caminho, quando nunca havia lido uma poesia. Tempos em que não se precisava ler - nem de - poesia.

Eu pergunto qual o valor do seu sonho. Pergunto para saber se você iria para Auschwitz por ele, se lutaria no Araguaia, se atravessaria uma praia e sorveria o sal do oceano pelo seu sonho.

Pergunto para saber o quanto seu sonho é dono de você. O quanto ele lhe pertence.

Eu pergunto porque não posso evitar, nesse final de tarde, de pensar o quanto a minha vida teria sido mais fácil se o meu fardo escolhido não fosse um saco imenso - tão pequenino, não obstante - de palavras.

Beijos sonhadores.

14.9.05

Centésimo Trigésimo - Dinâmico, Efêmero.

Em tempo: lembrei-me do nome do outro livro do Caio. "Ovelha Negra."

Rapaz, quase que eu me desespero quando o Blogger mandou um aviso para mim, quando tentei entrar no meu painel e começar a postagem diária.

"Não há conteúdo no documento."

Isso umas trocentas vezes. E eu querendo escrever, tinha uma idéia tão legal, depois, quando eu me lembrar mostro para você, mas agora ela se perdeu nas profundezas mais áridas do meu inconsciente.

Por ora, é este pouquim aí em cima. Fugaz, deveras, mas mais tarde, mais.

Beijos rápidos.

Centésimo Vigésimo Nono - Para Mim.

Escrevo por puro e simples egoísmo. Para ver se consigo me livrar dessas minhas dores de cabeça e de dente, lá atrás, o siso. Fucking hell.

É como uma agulha bem fininha, atravessando a parte superior direita da minha cabeça, passando pelo meu crânio, pegando caminho pela minha gengiva operada, na parte anterior direita da minha boca e saindo pela mandíbula.

E não me esqueço das fucking pontadas. É o costureiro dando o ponto sem o nó, porque para doer assim, pelo amor de deus.

Mas para se livrar da dor, eu acredito, deve-se deixar de pensar nela, então, no espírito de relaxamento, boa-vontade e desespero pela minha saúde psicológica e bucal, eu mudo de assunto, drasticamente, neste post. Ainda bem que me lembrei de avisar ao leitor. Poderiam acontecer choques e até alguns colpasos nervosos, como os que eu venho tendo pelas madrugadas adentro nestas noites de meu deus. Mas isto seria valorizar-me deveras. Eu não sou Caio, sou mero caio. Assim mesmo, com erro ortográfico, nem mesmo nome próprio. Nome redondo esse caio, eita.

O Pedro Lyra é um poeta horrível. Céus. E um crítico pior ainda. Pelo que eu li dele, até agora. Deus me livre de escrever como esse homem, putz. Me desculpem os que gostaram do tal Desafio dele, mas, como o Carlos Augusto Viana - semideus - disse dele, certa vez, certa aula:

"Um livro de 340 páginas e nenhuma poesia. Como é que pode ?"

Pense o trabalho para encontrar o número de páginas desse fucking livro.

Pedro Lyra ? Sou mais meu xarazão, outro semideus, Caio Fernando Abreu. Se você, leitor, ainda não leu este que é um dos que nos salvam na e da noite, vá no Google e procure, porque eu não vou mais colocar o URL do site aqui não.

Falando no Caio - eu sou caio - adquirimos três livros dele: "Triângulo das Águas"; "Fragmentos" e o outro eu não me lembro o nome. Mas foi caro, pense. E - o que me deixou mais emputecido - são daquela coleção da L & PM Pocket. Ou seja, deveriam ser mais baratos ! Arriégua ! Dois livros desses saem por 27 mil contos de réis ? Absurdo.

Ele era astrólogo, além de escritor. Legal.

Vou-me, convalescente, como sempre, mas com cabeça e gengiva latejantes. Suplício que nunca finda. Vou-me embora, pro meu sono.

Beijos.

13.9.05

Centésimo Vigésimo Oitavo - Bé Isso ?

Quem é esse povo sem profile, sem blog, que fica comentando nos meus posts ? Arriégua.

A Gal Costa é linda. E ela também.

12.9.05

Centésimo Vigésimo Sétimo - Minhas Raízes Literárias II.

Primeiro eu ia fazer arqueologia. Isso com idade pequena, bem pequena. Depois, foi publicidade e propaganda, sabe-se lá por quê. Aí, veio música, e a música ficou por um bom tempo.

Daí, eu decidi - não me lembro o motivo, sinceramente - fazer as letras.

Meu deus. Pra quê, meu deus ?

Sim, eu tinha facilidade com gramática. Aliás, mentira. Tinha não. Só não me saía tão mal nas provas quanto meus amigos. Outros alunos da sala, que estudavam mais e sabiam mais, tiravam notas melhores.

Eu seguia pelo caminho da mediocridade. Nem bom, nem ruim. Médio. Sem me destacar pelas notas, com os escritos ainda ocultos sobre a asa do Corvo, com parca capacidade de raciocinar cientificamente. Andava pela sombra morna, sem medo do sol nem desejos difíceis.

Eu queria era brincar de pega-pega, esconde-esconde, joão-atrepa e outras brincadeiras hinfenizadas. E ler histórias em quadrinhos.

Pronto ! Olha só ! Acho que encontrei. Será possível que a gênese das minhas palavras se deram no leitura tão prazerosa das revistinhas da Turma da Mônica ? Nas HQs da DC e da Marvel ? Não lia revistas jornalísticas, nem jornal, lembro bem. Muito menos assistia algum jornal da televisão, ou novela, ou os filmes da sessão da tarde - nessa hora, eu brincava com meus primos.

Nunca fiz questão de testar meus conhecimentos sobre palavras, não gostava de estudar português ou treinava minha técnica de escrita, que nem deveria se chamar técnica, já que não havia escrita.

Minto novamente: gostava de estudar português. Bem pouquim, mas estava lá. O gozo pelo estudo, ainda em estado germinal, um girino de prazer pela leitura.

O que eu sei: a paixão tomou forma de paixão no último ano de escola, quando comprava livros e livros de gramática e literatura. Mas isso não responde ao que eu quero descobrir: o que tornou possível que essa paixão existisse, já que todo este blog e todos os meus poucos escritos são frutos dela.

Talvez continue.

Beijos.

Centésimo Vigésimo Sexto - Minhas Raízes Literárias I.

Leio. Sim.
Escrevo. Sim.

Não quero saber o porquê. Já me resignei. Não preciso de um motivo para escrever - como bem me ensinou o mestre Paulo Leminski.

Mas eu fiquei encucado sobre quando eu comecei a criar raízes nesse mundo de imagens e palavras. Quando diabos a literatura invadiu a minha vida, batendo o pé e dizendo "não saio, não saio, não saio" ? Eu quero saber.

Primeiro, aquilo que eu acredito: não se escreve bem sem ler.

A pessoa lê, lê muito. Bastante. Até ficar com a vista cansada, quase ofegante, precisando de um transplante de pulmões. Depois é que se escreve. Aliás, eu diria até que escrever é conseqüência de ler, nada mais. O mais importante é ler. E, como disse o Nelson Rodrigues, numa citação que eu peguei lá do Portal Releituras:

"Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."

Muito bem. Tem que ler pra escrever.

Agora eu faço uma confissão: nunca gostei dos livros paradidáticos do colégio. Pior, nunca gostei de lê-los.

E num lia mesmo. Tirava nota baixa, mas num lia. Só li alguns, e somente um eu gostei.

As palavras chegaram tarde na minha vida. Tenho 18 anos e 11 meses. Elas devem ter chegado lá por 2000 e pouco.

Tarde. Tardíssimo. Céus.

Eu procuro na minha memória, e chego na minha quinta ou quarta série, quando houve um concurso de poesias na minha sala, e os finalistas foram eu, com o poema "Se..." - o título descaradamente roubado de outro poema de um livro que minha mãe me mostrara - e um amigo meu, com o poema "Tarzan".

A votação fora popular. Ganhou este que vos fala. Acredito que até "V'xxxxxxe" de surpresa meus escritos ganharam.

Mas, depois disso, nada mais. O corvo de Poe instalara-se nas minhas palavras, exceto por alguns parcos elogios fraternos sobre algo que se soltara das minhas amarras mentais.

Continua.

Em tempo e a quem deseje: o dito livro que se salva é "Tio Robinson", de Mark Twain. Ainda o tenho. ^_^.

Centésimo Vigésimo Quinto - Um Conselho.

Minha gente, não se iludam dizendo que já não há mais coração.

O coração dos aflitos pipoca dentro do peito.

Caaalma, corações. ^_^

Beijos bola, bola, bola de balão.

11.9.05

Centésimo Vigésimo Quarto - Fora De Casa.

Deus do céu, quase que não consigo entrar nesse caralho de asa.

Havia me esquecido - completamente - que a minha conta é no Blogger.com, o servidor americano. Eu ainda tenho a minha conta no Blogger brasileiro, mas daí ele virou pago e eu nunca mais fui lá, nem me lembrava dessa conta. Queria apagar os blogs de lá - palavras menores devem permanecer guardadas, escondidas, sem ser lidas - mas num sei como é. Outra hora.

Não posto, que fique registrado, da minha casa. Por isso a procura pelo maledito nome de usuário e pela senha. Escrevo da casa do meu amor, enquanto espero meu macarrão com molho bolonhesa, vestindo uma roupa de sair. Deveríamos ter ido ao fucking TJA, mas o horário o olhamos errado.

Oh well. Nada melhor do que o cheiro de molho, carne, creme para pentear e amor algumas horas antes de dormir.

Beijos àqueles que acreditam. E aos incrédulos também.

Centésimo Vigésimo Terceiro - Valeu !

Eu quero agradecer ao mundo
pelo Tylex,
pelo Sonridor,
pelo Tylenol - favorito de muitos,
pelo Nisulide,
e pelo meu barquinho que vaga, vaga e vaga
nesse marzão azul.

Beijos convalescentes.

9.9.05

Centésimo Vigésimo Segundo - Eu amo. E Você ?

Amor não é guerra não. Amor é amor. E isso é bom.

Beijos amorosos.

XXX

Centésimo Vigésimo Primeiro - Das Melhores Invenções Da Humanidade.

A escrita.
O livro.
O computador.
A internet.
Tylenol.

Fucking beijos, cão.

Centésimo Vigésimo - Aprende, porra !

O escritor não pode se preocupar com os outros. Não enquanto escreve. Escrever é solidão. É silêncio. Ninguém por perto. Por quilômetros. Escrever é a escritora e o papel.

Ela não pode se preocupar com os outros: é debilitante, para a escrita. Preocupação causa bloqueio de inspiração. Ansiedade, desespero, roer de unhas, puxar de cabelos, respiração rápida. Bater excessivo de lápis na mesa, tap-tap-tap-tap-tap, incontrolável e insuportável.

Não se pode pensar nas outras pessoas enquanto se escreve. Vai-se escrever para elas - porque o escritor não escreve para si, escreve para outros, por isso é escritor - então que pense na matéria das palavras, no conteúdo de seus escritos, na qualidade de suas letras, no posicionamento de suas vírgulas, de suas reticências, de seus parágrafos - essenciais !.

O poeta é outra história, que eu não vou contar. Que conte algum poeta aí.

Beijos, porra.

Centésimo Décimo Nono - Outro Pensamento.

Eu tenho que parar de escrever.

Centésimo Décimo Oitavo - Aliás.

Nem isso, na verdade. Seria muita pretensão minha querer fazer parte de alguma poesia.

Sou uma palavra, solta. Reunião de letras, sons, com significado - não ter significado é especial. Fácil de traduzir, já traduzido, já decifrada, já escrita, já falada, já ouvida, já lida. Uma palavra assim, só ela, quase sozinha - solidão é especial. Sou nem isso, nem um verso do meio, não por exclusão social, não por glicosidade anal, não por pessimismo e não por modéstia. Não sou porque não sou. Só estou.

Centésimo Décimo Sétimo - Sou Um Verso Do Meio.

Eu não sei quanto a vocês, mas eu sou um verso do meio. Tenho eira, tenho beira, tenho dinheiro, não faço parte da fuzarca do começo e não me chamaram para o final. Entrei sem querer na humanidade, não pedi pra participar e sou muito covarde pra tentar escapar. Não que faça alguma diferença: tem vários versos do meio ali, pra dar e vender de montão.