20.3.06

O caio que eu quero pra mim.

Eu queria uma poesia de terra,
com mar,
com carnaúba,
com céu de estrelas
e essa frescuragem toda.

Mas eu sou é outra coisa:
sou um caio de cidade,
um caio classe-média, um caio de Beatles,
que não sabe pra onde tá indo
nem o que quer.

E esse caio aqui,
que tá escrito em tantos versos
- poeta longo é um problema -
não consegue entender como é.

Esse caio de vocês,
não é o meu caio, meu povo.

O caio que eu quero é um caio de Fortaleza,
um caio verde,
menor do que um limão,
maior do que lagoa do Pici,
de onde escapou uma cobra que veio parar no portão daqui de casa, mas isso faz é tempo.

O caio que eu quero
tá lá longe,
na terceira margem,
onde eu não consigo pegar.

O caio que eu quero
é pequenininho assim,
que nem unha roída.

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