27.12.07

sonhei que estava em nova york

e o chão era todo de bolinhas. sério.

12.12.07

HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo. Editora Globo, 1980.

- Eu sei. E isso é mais uma razão para ser severo. Sua elevada condição intelectual traz consigo responsabilidades morais correspondentes. Quanto maior é o talento de um homem, mais poder tem ele para desviar os outros. É preferível o sacrifício de um à corrupção de muitos. Encare o caso sem paixão, Sr. Foster, e verá que não há crime mais odioso do que a falta de ortodoxia na conduta. O homicídio mata apenas o indivíduo; e, afinal, que é um indivíduo? - Com um gesto largo, apontou as fileiras de microscópios, os tubos de ensaio, as incubadoras. - Nós podemos produzir um indivíduo novo com a maior facilidade; tanto quantos quisermos. A falta de ortodoxia porém, ameaça mais do que a vida de um simples indivíduo; ela atinge a própria Sociedade. Sim, a própria Sociedade - repetiu. - Ah! Aí vem ele.

24.11.07

não, não desfiz a conta

Achei isto perdido numa pasta do meu computador: não sei o que significa. Provavelmente, não deve significar nada; talvez, uma brincadeira tentando fazer algo como aquele poema do Robert Frost com os bosques e as promessas e tudo o mais. O título do arquivo é "lua amarelada". Sem caps lock mesmo.

A lua amarelada, por detrás das nuvens,
me avisa que ainda é cedo demais.
E percebo
que ainda é cedo
demais

31.10.07

a música mais triste do mundo

A música mais triste do mundo é a You've got a friend in me, que eu ouvi pela primeira vez no Toy Story 1, milênio passado.

É uma música triste porque ela toca quando alguém está indo embora, ou quando o tempo sai do relógio, entra por debaixo da carne do pulso e se instala no corpo. É triste porque ela passa uma verdade verdadeira, a qual não pode ser contestada. E o que resta é somente - é nesta falta de opções que reside o busílis - capitular à ela, e perceber que, na verdade, não é a música que é triste, ou o tempo, ou inexorável partida.

O que é triste de verdade é o sorriso que a pessoa que está partindo mostra. Lembra Don't worry about me, do Joey Ramone, que morreu faz um tempinho.

26.9.07

go, true believer!

Porque quando dá-se o fim do semestre, início das férias, o que se há-de fazer a não ser contar-se uma estorieta em três paragrafinhos mafagafados?

O blog diário que é atualizado, sim, de bimestre em bimestre. mas ei-las!

19.9.07

filler


i'd like to be,
under the sea...

6.9.07

literatura que arde

Revista malagueta.

Procurem por mim nos minicontos. Obrigado.

3.9.07

o limite do lirismo

A falta de exemplos e especificidade torna, sim, a poesia mais fraca, mas ainda não encontro comigo forças para deixar-te mergulhar sem afogar-te: ainda não me dei licença para falar de mim mesmo. Mea culpa, então, pela sobriedade árida destas palavras, pelas águas rasas que ofereço-te para o mergulho, pelo barulho que não sussurra o que o silêncio grita: mea culpa.
nenhum de nós sabe cozinhar,
e isso faz falta.
nenhum de nós tem o olhar de cúmplice,
e isso faz falta.
nenhum de nós enxerga o outro dentro do um,
e isso faz falta.

todos de nós amam alguém, mas
nenhum de nós
ama uns aos outros.
e isso faz falta.

a inevitabilidade dessa conclusão me esmaga.
está para sempre gravada nas lágrimas contidas, nos olhos vermelhos da voz baixinha da mãe que constata, em apelo e desculpa:

sobre isso eu não posso fazer nada.

21.8.07

mulheres

Eram 5 mulheres no ponto de ônibus.

A primeira tinha os cabelos todos grisalhos e segurava um saco do mercadinho. Dentro do saco, havia dois maracujás, um pacote de leite e nada mais. A bolsa pendia, no flanco esquerdo, pela alça. Esperava o ônibus fazia poucos minutos. Naquele dia, não havia ninguém que fosse lhe apanhar.

A segunda vestia blazer azul-escuro, calça idem, bem apertada, com brincos pequenos, cabelo curto e óculos escuros. Usava sapatos quase sem salto. Estava atrasada para o trabalho e por isso, enquanto segurava o celular, olhava constantemente pela rua, em busca, ai meu deus, do ônibus.

A terceira olhava o chão, sorrindo sozinha. Tinha o cabelo longo e cacheado, preso num rabo de cavalo. Usava sandálias brancas havaianas, saia até o joelho, camisa branca até depois do ombro; quase sempre, nenhuma maquiagem. Mas naquele dia não se aguentou: comprou um batom vermelho nas Lojas Americanas.

A quarta era uma menininha que pegava o ônibus pela primeira vez. Sua mãe lhe dissera que assim que visse o ônibus, fizesse o sinal ao motorista, entrasse por trás, passasse por debaixo da catraca e esperasse. Disse que era para ficar atenta, para não passar do ponto. Muito provavelmente faria a viagem de pé, mas talvez alguém lhe cedesse o lugar. Caso ficasse perdida, ligasse para ela, não falasse com estranhos. Também disse que a amava muito, disse que tomasse cuidado e disse que a amava muito, novamente.

Na quinta mulher, eu não pude prestar atenção: meu ponto era o próximo.

12.8.07

lágrimas de s. lourenço

A constelação de Perseu esta associada a um fenómeno que é citado há mais de 2000 anos, uma chuva de estrelas que em 1835 Quetelet mostrou ser um fenómeno regular. De facto, uma das mais famosas e popularmente conhecidas chuvas de estrelas anuais é a das Perseidas, assim chamadas pelo seu radiante na constelação de Perseu, que acontece com um máximo de intensidade ou pico por volta de 10-12 de Agosto. O fenómeno é por isso chamado as Lágrimas de S. Lourenço, em homenagem ao santo festejado a 10 de Agosto.¹

***

Em todo o Mundo cristão, existem muitas igrejas dedicadas a este santo. Geralmente, as estátuas dele apresentam uma grelha (instrumento que lhe causou a morte) e uma Bíblia nas suas mãos.

É comemorado no dia 10 de Agosto.
²


***
01. In De Rerum Natura
02. In Wikipedia

2.8.07

DURAS, Marguerite. O Amante. RioGráfica, 1986.

Durante a viagem, na travessia desse oceano, tarde da noite, alguém morreu. Ela não sabe muito bem se foi nessa viagem ou em outra qualquer. Algumas pessoas jogavam cartas no bar da primeira classe, entre os jogadores estava um jovem e, num dado momento esse jovem, sem uma palavra, colocou as cartas na mesa, saiu do bar, atravessou correndo o convés e jogou-se ao mar. Quando afinal pararam o navio, que ia a toda velocidade, o corpo estava perdido.

29.7.07

26.07.07

Adultos se esquecem de como as crianças pensam na morte.

20.7.07

No espírito de linkar (vou transformar isso em trocadilho daqui a cinco linhas) este blog com as realidades subjacentes e da minha idéia de começar a acompanhar o Jornal Nacional, visto que minha mãe estava em Guarulhos quando do acidente no aeroporto logo ao lado, coloco os links (viu?) para os blogs do José Paulo Kupfer, sobre o acidente em Congonhas, e do Pedro Doria, sobre a morte do baiano ACM.

Ambos eram do NoMínimo, que acabou porque era doce.

19.7.07

mais atualizações

O blogueiro encontrou-se num estado de zen-meditation e resolveu escrever-se um conto de três parágrafos. Única e exclusivamente para não perder o hábito de ouvir o tec-tec do teclado.

letargia

Ainda é muito cedo pra admitir que estou levando minha vida como se estivesse de férias-mas-sem-coragem-de-admitir?

a convite

Todo de terninho e gravatinha no blog dos outros: parece gente. Ide!

11.7.07

collaborative non-linear story writing

Novlet is a web application designed to support collaborative writing of non-linear stories in any language. With Novlet you will be able to read stories written by other users, create your own ones, and choose the plot you like most from several alternatives.

Supimpa, hein? Eu já me cadastrei e até escrevi uma passagem modesta. Ide!

babylon

groan: gemido; suspiro; mugido; berro

"Gemido" e "berro" juntos? Djabéisso?

7.7.07

meu segundo assalto

Diz que estávamos eu e amigo meu a ir para nossas casas depois de uma tarde de RPG. Subindo a rua, uma criatura ultrapassa-nos pedalando sua bicicleta e, determinada hora, pára. Após mais alguns passos, aproximamo-nos dele:

"Tu vai, tu fica, viu, fela da puta, viu? Tu vai e tu fica." - eu ficava, meu amigo ia.

Eu nem tinha atinado pra situação, só quando o cabra da bicicleta disse:

"Ei, tô falando contigo, cara, ei, tô falando contigo!" - Aí eu olhei, e vi meu amigo já atravessando a rua. "Aí, mano, só quero o celular e o dinheiro, tá ligado, só o celular e o dinheiro!" Ah, um assalto. "Tu num corre não, hein, cara! Num corre não, senão eu atiro nele, hein, num corre não!"

Ele tinha os olhos arregalados e ofegantes. Resignado, já havia enfiado a mão no bolso pra entregar o celular, quando dei uma bisoiada nas vestes do meu assaltante: camisa de time, calção apertado e preto; uma das mãos apontando pra mim, a outra no guidom da bicicleta. Aparentemente, sem nenhuma saliência que escondesse uma arma. Sem a menor vontade de entregar meus haveres a outrem, indaguei, todo-me-tremendo:

"Cadê essa arma, cara?"

Ele parou um momento. E disse:

"Pode ir, cara! Foi só um aviso, viu, playboyzim! Vai lá, vai! Te pego depois, fela da puta!"

E eu fui-me, de volta para casa. De celular e com o um real na carteira.

2.7.07

Arrumei minha pasta de favoritos: agora tem mais pastas e menos sites avulsos. "E daí?" - pergunta alguém. (Talvez a minha vozinha de dentro.)

É um passo primeiro para eu arrumar a minha vida.

29.6.07

Muitas pessoas vivem para o amor e a admiração, mas era pelo amor e pela admiração que deveríamos viver. Se alguém nos demonstrasse amor, deveríamos reconhecer que não somos dignos dele. Nenhuma pessoa é digna de ser amada.

***

Pode ter, de ocasião, o atrativo de um novo molho ou de uma colheita especial, mas os restos de um banquete apodrecem e os fundos das garrafas são amargos.

20.6.07

dez contos de dez palavras

O controle remoto, desleixado na cozinha, e a televisão chiando. // Um nome só afastaria o silêncio da beleza dela, cara. // Socou-o com toda a força para expelir o pedaço de frango. // Silvana soprou cinco besteiras no ar e ouviu um silvo sincero. // Fecharam a janela para impedir que seu último suspiro escapulisse. // Meu amor antigo jaz morto junto com meus óculos escuros. // Aquilo que não te matar, Bernardo, vai te fuder. // Bernardo quase que escapou do acidente que estava para fudê-lo. // Havia somente um lugar onde poderiam ter esquecido as passagens. // Para ser boa, nem toda estória precisa começar e terminar.

13.6.07

bom mesmo é licença pra falar da gente mesmo.

silêncio

Pode ser o abrigo dos secos de palavras, das carnes sem sangue, dos olhos sem humor vítreo, dos fetos sem placenta, dos pré-molares sem arcada dentária, dos blogueiros que já postaram todo dia e agora já cansaram.

Pode ser também a desculpa dos preguiçosos: lirismo tem limite.

10.6.07

I wanna go away.

Just a little bit. For a little while.

4.6.07

Pela puta que pariu

Bem, bem: lá se vamos nós: de novo.

19.5.07

- Ei, mulher, o povo do gueto mandou avisar que vai rolar a festa.
- Pois eu tô nem aí.

10.5.07

Mister Sun, don't you take away my Virginia-a

6.5.07

Ninguém esperava uma confrontação entre o Sol e a Lua, mas aconteceu que, certa vez, ambos reuniram-se no topo de um prédio, cobertos pelo céu roxo arroxeado; ele vestia-se com uma toga vermelha a cobrir-lhe metade do torso; e ela de terno, olhos e cabelos negros que preenchiam toda a extensão da cobertura do edifício. O Sol sorriu e olhou para a Lua, que detinha-se de pé, os braços retos e imóveis ao lado do corpo, o rosto inescrutável.

- Que anseias?
- Tu sabes tratar-se, certamente, da mesma querela primeva, cavaleiro negro.

A Lua suspirou, olhando para o chão.

- E dos mesmos nomes.
- Desejava que o encontro permanecesse puro e intocado, mesmo a antiga etiqueta.

O vento do norte soprou mais uma vez. O Sol continuou, sorrindo e andando pelo parapeito.

- A primeira disputa foi, inesperadamente ... interrompida.
- O cavaleiro branco interviu, sim.

O dia rendia-se à noite, mas Dia não levantava-se de sua cadeira: observava, nada mais faria, aqueles dois brigando por momentos dentro dos corações dos homens. O crepúsculo afundava no horizonte.

ai, ai

essa noite pós-chuva: silenciosamente fria.

5.5.07

andando e olhando

Hoje eu vi um fusca rosa cheio de mulher, ó.

24.4.07

no espírito de diarizar o blog

Acabaram-se (quase) as torturas acadêmicas desta minha vida: falta apenas a professora (que tem os braços mais claros do que o rosto) de Estilística mandar a minha dupla refazer o trabalho (como da última vez).

Esta que corre é a última semana do semestre (que deveria ter terminado ano passado: o semestre, não a semana), e vai-se esvaindo modorrenta e agonizante: o envelhecido Centro de Humanidades da UECE não agüenta mais ninguém pesando naquelas paredes descoloridas, principalmente o povo de Letras, que por algum (inexplicável) motivo, é sempre o último a sair.

***

A vida vai bem, obrigado: faltei o psicólogo semana passada por dormir demais; passei em todas as cadeiras so far; arranjei briga com o bar em frente do qual eu me encontrava, semana passada (que bobada, caio!) e coisas interessantes happened (you know what I mean, babies...)

***

Comecei o Madame Bovary hoje, porque me dei conta de que tem livros que todo mundo analisa na porra do meu curso, e, das duas, uma: ou eu cometo suicídio intelectual ou renuncio à minha liberdade - pouco utilizada, verdade (que vergonha, caio!) - leiturística.

Pois bem, que seja: a book is a book.

***

Hugs and kisses,'cause the world is not beautiful.

22.4.07

Nesse mundo só tem mito, símbolo. E gente, que é preu não ficar sozinho.

14.4.07


The Sun Machine is coming down
and we're gonna have a party:
Oh, oh, oh.

10.4.07

caio, novamente e again outra vez

Com a licença sua,

Pensei numa palavra e me veio rimbobar. Devo ser o mesmo que trovejar, fazer barulho, muito e grande.

Agora aos meus sentimentos, criptologicamente expressos, que tem de haver o mínino de boniteza para que as palavras comecem em catarse, e terminem em outra coisa, não-minha e, de preferência, longe de mim.

Principío minhas lamúrias falando que não sei responder quando me perguntam e aí? como está? Não me há observação de mim mesmo e o pronome oblíquo faz-se presente, roubando a abertura; não me olho, em busca de algo que esteja, para ser contado; não faço isso, não sei por quê. Não acho difícil falar de mim, mas responder a dita cuja parece algo tão longíquo de onde me concentro - ou encontro - encontro implica convergência, unidade: e o que há neste corpo de tão inexorável e involuntário que não me deixa a sós comigo mesmo? Prossigo, em primeira pessoa.

Há os trabalhos de faculdade. Não desejo fazê-los, já disse. Me estressam, crio aftas, me canso, faço coisas deste tipo, coisas que não gosto de fazer: esse tipo de coisa que não gosto de fazer é para isso que tenho o psicólogo. Não me agradam trabalhos de faculdade, ou provas, ou testes que me analisam. Não gosto de olhos em cima de mim. Só dos meus e dos dos meus.

Essa brincadeira dos tags é legal demais: é o resto disto daqui, sendo outra coisa.

Estou em busca da face perfeita: na verdade, faço minha barba toda semana, moldando, shaping trezentos e cincoenta caios diferentes.

O que me lembra que o Fernando Pessoa é o David Bowie da poesia.

Textos meus-meus são, assim, curtinhos, pois a catarse é envergonhada e não sai destilada.

Obrigado e volte sempre, que nem sempre é assim.

4.4.07

go go go

Conto de trê parágrafo.

aquela música dos beatles

Então, ao calendário das três próximas semanas:

1ª semana
09/04 - Entregar as fotos do projeto especial VII
10/04 - Prova de sintaxe
12/04 - Prova de alemão
13/04 - Entregar trabalho de literatura cearense

2ª semana
15/04 - Estréia da segunda temporada de Roma
17/04 - Seminário de psicologia evolutiva II
18/04 - Entregar o segundo trabalho de estilística
20/04 - Prova de literatura cearense

3ª semana
25/04 - Prova de recuperação de literatura cearense
28/04 - Aniversário da minha mamãe
30/04 - Apresentação do projeto especial VII

30.3.07

Caralho.

Vagando pelo YouTube, acabei de me tocar de que existem créditos na abertura de Castelo Rá-Tim-Bum.

Me lembrava só de uns borrões azuis do lado das paredes aparecendo e do robozinho sinistro com a bandeirinha.

26.3.07


She's unavoidable, I'm backed against the wall,
she gives me feelings that I never felt before!
I'm breaking promises, she's breaking every law.
She used to look good to me, but now I find her:
simply irresistible!

18.3.07

- O que você faz da sua vida é problema seu.
- But I was born to love you!

eles novamente

Puta que me pariu: dois-pontos é um troço muito mothafuckin' sexual, doido.
Regra número um: Escrever. Escrever sempre. Escrever bem. Ou não escrever.

Diário. Blog português, salvo engano.
Da Wikipedia:

According to the Oxford English Dictionary
in English, the earliest historical meaning of the word information in english was the act of informing, or giving form or shape to the mind, as in education, instruction, or training.

Do Aurelinho, o verbete em suas cinco definições:

in.for.ma.ção sf. 1. Ato ou efeito de informar(-se); informe. 2. Fatos conhecidos ou dados comunicados acerca de alguém ou algo. 3. Instrução, direção. 4. Tudo aquilo que, por ter alguma característica distinta, pode ser ou é apreendido, assimilado ou armazenado pela percepção e pela mente humanas. 5. Qualquer seqüência de elementos que, por distinguir-se de outras seqüências de mesma natureza, produz determinado efeito e serve para transmitir e armazenar a capacidade de produzir tal efeito. [Por exemplo, as seqüências de grupos de átomos, onde, nos cromossosmos, se localiza a informação genética; ou seqüência de sinais magnéticos ou elétricos, os bits, para armazenamento e processamento de computadores.] [Pl.: -ções.] in.for.ma.ci:o.nal adj2g.

O antônimo de informal é formal. O antônimo de informação é formação?

14.3.07

doze contos de dez palavras

Vende-se restos de batom - vermelho - paixão - já - esmorecida - pelo - tempo. Tratar com Ricardo. // Acendeu duas luzes: a da cozinha e a outra da faísca do disparo seco. O bife queimou. // Tirei os óculos, um momento, para enxugar as lágrimas e acabei entrando no ônibus errado novamente. // Meu coração era tão pequenino: conseguiu tomá-lo num golé só. // As luzes eram intermitentes, a respiração era intermitente: angústia constante. // Conheceram-se: casaram-se dois meses depois sem nunca terem se beijado. // Encheu o saco daquele lugar: foi-se pra França ser michê. // Sou o primeiro conto dessa página e vou acabar agora. // Acertou o alarme em oito horas: às nove, ia amar. // Carmem estremeceu: só ouviu o som do seu próprio orgasmo. // A peça havia chegado ao fim e Mauro não gozou. // Eu sou o último conto da página: a aula acabou.

Produto da aula hoje de Estilística: a professora falando de fono-meus-ovos-estilística e nós brincando dissaí.

12.3.07

shake it all, baby!


You know you twist so fine!
Come on and twist a little closer, now,
and let me know that you're mine!

5.3.07

minicontos, nanotales

Jules Horne, blogueira do The Guardian, falando sobre nanotales, escreveu:

These distinguished writers, often at the maverick outer edges of their art, weren't interested in offering up quick fixes for us to absorb between tube stops. They were drawn to its special challenges: the distilled essence of storytelling, the condensed emotion, the perception shift, the power of the unexpressed.

E também que estes microcontos fit beautifully into a blog. E ela está certa: os parágrafos quadradamente posicionados na tela, as linhas duplas formando retângulos: tudo geometricamente estetizado.

Contudo, claro que não tem somente coisa boa: Jules também fala da aflição que sente ao ouvir que os nanotales são perfeitos para estes nossos tempos globalizados, na qual tudo é em pílulas, em doses homeopáticas e o DDA corre solto. Em inglês.

4.3.07

prosa boa é que nem vidraça

Good prose is like a windowpane, diz George Orwell, no ensaio Why I write, referindo-se ao apagamento de personalidade do qual o escritor necessita para escrever algo, no mínimo, legível. Também estabelece four great motives for writing, sendo os ditos cujos:

1. Egoísmo puro e simples
2. Enlevo estético
3. Impulso histórico
4. E propósito político

Não termina nem começa por aí: o escritor inglês também fala de suas poesias, da guerra civil espanhola e de suas esquisitices infantis. Em inglês, com bigodinho e tudo.

!

De repente! Ela não avista, entre a calçada e o asfalto, o pequeno lago pluvial: o pé vai na lama, um quase escorregão se dá e a havaiana foge-lhe dos dedos, sailing away, em busca de aventuras. Ela, em resgate, corre atrás, acompanhando cada curva e desvio, conseguindo desvencilhar-se dos reclamantes e dos transeuntes, pois é tarde e só faltava mais essa agora.

1.3.07

Blogosferiando

O hermeneuta alexandrino não se limitou a inventar pontuação: ele quis forjar palavras que tornassem significantes os silêncios que pressentia nos textos e lhe permitissem, mais do que perceber o que lia, compreender o que lia. A decisão de as fazer invisíveis é apenas um indício de quão místicos eram os dias que então se viviam. Sabemos que as palavras estão lá – o resto, o resto é arte na distribuição das vírgulas.

Do ótimo Bandeira ao Vento, blog português, o qual o autor teve o pau-no-cuzismo de retirar os comentários. Good still, as you can see.

27.2.07

Good point

If all the world's a stage, where does the audience sit?

26.2.07

Chega a mãe pro filho.

- Tiraste a barba e deixaste essa barbicha pra fazer uma moldura?
- Moldura?
- É: de rosto.
A vocação literária dos dois pontos é fora-de-série.

25.2.07

uma personagem

A minha personagem seria uma mulher morena e surpreendentemente entendiada. Ela estaria ali, especificamente naquela hora, por tédio. Com sua mão direita no queixo, a coluna em L e as pernas em X, observaria, do alto de sua varanda, os transeuntes daquela tardinha amarela.

Seria uma tardinha excepcional, já que minha personagem não se entediaria com freqüência: seria dona-de-casa, enquanto o marido que eu lhe daria seria médico - clínico geral - e, neste momento inexplicável de tédio de minha personagem, estaria ele no consultório, consultando. Seus três filhos, todos de idades distantes, seriam uma menina, um rapaz e um jovem homem, estudante de medicina. Quanto aos afazeres domésticos de minha personagem, estes comeriam, se não inteira, uma bela fatia de suas horas, não sobrando migalha que fosse para ocupar com aquele inesperável tédio de agora.

Prontinho: com minha personagem localizada numa varanda, com três filhos, um marido médico e um tédio ensandecedor, posso deixá-la existindo, perscrutando a calçada inflamada com a cacofonia dos passos, naquela tarde amarela, tão, inexplicavelmente, tediosa.

A idéia eu roubei daqui. Com todo respeito.

24.2.07

De dentro do Aurelinho

O quanto sexo (ou amor) e morte (ou morbidez) são contígüos.

lân.gui.do adj. 1. Sem forças; fraco, debilitado, langoroso. 2. Mórbido, doentio [Antôn. (de 1): enérgico, robusto; (de 2): saudável; sadio.] 3. Voluptuoso, sensual, langoroso.

Fantástico, não?

23.2.07

Te quiero infinito, honey baby

Em meus passeios matinais pela blogosfera, caí de boca neste poema. O poeta chama Jaime Sabines, mexicano. Quem gostar levanta a mão.

Yo no lo sé de cierto

Yo no lo sé de cierto, pero supongo
que una mujer y un hombre
algún día se quieren,
se van quedando solos poco a poco,
algo en su corazón les dice que están solos,
solos sobre la tierra se penetran,
se van matando el uno al otro.

Todo se hace en silencio. Como
se hace la luz dentro del ojo.
El amor une cuerpos.
En silencio se van llenando el uno al otro.

Cualquier día despiertan, sobre brazos;
piensan entonces que lo saben todo.
Se ven desnudos y lo saben todo.

(Yo no lo sé de cierto. Lo supongo)

22.2.07

True story

- Eu conheço essa música. É Coldplay?
- Isso é Imagine, doido.

apreciação descompromissada

Texto de quatro movimentos, intercalando observação, divagações literárias, divagações sexuais, escavação mental das personagens, retorno - pela curva - à observação. Sempre com o ser-humano capturado na situação real e momentânea, passando pela crivo da palavra e pelas escolhas - e pulos - do autor.

Garoto-esfíncter
ga.ro.to (ô) adj. 1. Que brinca ou vadia pels ruas. - sm. 2. Rapaz que vadia pelas ruas 3. Bras. V. menino.

es.fínc.ter sm. Anat. Faixa anular de fibras musculares que, ao relaxarem-se ou contraírem-se, regulam o trânsito de vários ductos naturais de corpo. [Pl.: esfíncteres.] - es.finc.te.ria.no adj.
Que barriga grande, de curva. Desquebrante demais da conta. De dar vontade de falar mal. Um mal de século, coisa de nêgo mau.
E o menino de barriga com raio infinito. Surge-me uma vontade de falar mal, tão normal, tão automática, imiscue-se no canto do meu olho, o qual vê a barriga preenchendo a cena: o menino com o dedo na boca. Olha para um lado. Ao outro. Encontra-me. Fita-me e percebe sua barriga capturada na minha íris, no branco dos meus olhos, em posição de combate, guerra que não quero e fujo, para meus livros. Volto meu olhar para dentro do ônibus. Tento mudar o de dentro outra vez e continuo sem entender.
Me endiabro de não lhe entender, de querer e não conseguir ser como aquela escritora que falou denso. Ou aquela que falou, maria-homem como só de cabelos curtos, e não daquele jeito meio Marisa Monte. Que afirmou sua originalidade da forma mais sensacional, já nos ensinada. Putismo de primeiro grau. É onda. É parisismo. O bem do nosso século. Falar de si mesmo, achar isso bonito, pular essa e achar mais bonito ainda. Imagina você sendo entrevistado? Que lindo. Falar de você mesmo. Sorrir e achar sua excentricidade um máximo. Se pula. Pula-se. Escolhe.

Ele, de nome grande, alemão-meio, nome de touro da Disney. Corno manso, desajeitado. Falável. Nem quer saber da vida. E muito menos da flexibilidade dela. Agora, ela, de roupas até agradáveis, de boca esporrante, quer mesmo é do outro.
Sexo em flexibilidade esporrante, atrás de véus: sexo de soslaio: voyeurismo acidental. O nome fálico, meio-alemão, grande, como um touro: da disney, porque corno manso e desajeitado: ômi mole réi.
Do minino de ouro. Quer o mundo, faz marmita por esse mundo. Só pra ele. Ele, bem longe do mundo e da Linha Amarela.
Um garoto-abertura, esse de ouro: abre-me - abre para mim. É um pórtico, no meio da rua, fora dessa realidade, fora dessa rua, longe da Linha Amarela. Seria divino, não fosse sua barriga grande, de curva, o dedo na boca; a distância do mundo - não pela santidade: pela fome. Esse meu minimo, de ouro, não quer-se porta, não deseja abrir a minha mente para o tudo do mundo: capturei sua curvatura no meu olho - quer, como eu, um pedaço de Terra só pra ele, longe daqui, onde ninguém pode nos pertubar, onde ele vai poder comer em paz. Comida de marmita mesmo, que self-service é chique demais pra traição e miséria. Presse mundo aqui. Só nos livros, longe daqui, da Linha Amarela.

21.2.07

volta do carnaval

Esse negócio de ler Maiakóvski na loja de conveniência não está com a menor nada.

O sentido, meu povo. Não a música.

12.2.07

faz-se unhas

- É fazem-se, tia.
- Elas ficam lindas do mesmo jeito, meu filho.

outra brincadeira: mexendo com o dos outros

Não se inserem no percurso da vida as grandes ocasiões em que estamos velejando sós.

Sempre lamentei muito essa lacuna dos navios: tão navios que são masculinos e terminam em O, que só não são maiúsculos por falta de regra, mas não deixam de ser belos e bonitos, e até encontram-se traços e laivos femininos: brinco na orelha, cílio arrebitado, radiando como uma manhã: lindas são todas as manhãs femininas em que acredito na lealdade das pedras, nos meios dos caminhos, tropeçando em espelhos, em mins-mesmos; trezentos e cincoenta mins procurando cola e fio-condutor - ou pára-raio. Parte de mim, para chegar em mim, navegando no meu navio, a procura de mim, sem saber que estou atrás de mim mesmo. Meu amor por mim, nas últimas profundezas do galeão, é-me incognoscível. Minhas tristes noções de honra são o amor que tenho a meus espelhos.

Quanto ao resto, o resto é (silêncio? não, não) canção e música, longe de apreciação, crítica, pitaco.

11.2.07

brincadeiras, exercícios

E um microuniverso, onde cada passo é pisar em ovos, forma-se ao redor de cada palavra. E como se tudo não fosse tão errado; como se cada coisa tivesse seu sentido mais uma vez; como se o abismo não perscrutasse-me de volta nos olhos, sub-repticiamente, aproximei-me.

E o vermelho e o negro abarcaram toda a imensidão daquilo que podiam abarcar: acabei-me invisível, como a linha do horizonte, existindo por oposição.

***

início (+ - 23:50h)

Sangue da boca é
sangue na boca sangrenta
da bocarra sanguinolenta.

Sangue bucal
no sangue bucólico.

Bucolismo venéreo é
verdade de sangue.

Da boca, de sangue,
sai verdade, mentira
tudo de sangue.

Sangue, na boca de sangue,
é sangue da boca
do mesmo jeito.

término (+- 23:59h)

7.2.07

Bad Religion


A brutal sun is rising
on our sick horizon.

4.2.07

Assustou-se com o volume da própria voz: muito barulhenta para a hora silenciosa, para o livro fechado, para o parágrafo deixado de lado: o sono lhe dominara e esquecera-o de controlar a passagem de ar, vibrando-lhe as cordas vocais além da conta: muito perceptivo para a hora, demais.
Lá na escola, viu, tem um menino, que ele vai todo maquiado, vestindo aquelas saias longas até aqui. Ele leva a caixa de maquiagem, e fica maquiando as meninas, quero que tu veja. Também tem uns menino lá que desmunheca, e com esses os garotos implicam, mas com esse, de jeito nenhum: num tem um que diga esse tantim com ele, viu?

1.2.07

... Mas também tu não precisas sentir tudo de uma vez, ou uma coisa de cada vez, nem precisa se preocupar tanto com tudo ao mesmo tempo, nem se preocupar por não estar se preocupando com outras coisas que talvez merecessem preocupação.

Fica calmo, baby.

31.1.07

Encontrou uma fotografia - amarelada, bordas tortas, retangular - no meio da calçada. Tinha algumas poucas com sua família: todos longe ou esquecidos; lembrou-se de que ainda estava sozinho, sem ajuda, e percebeu a obviedade da situação: não lhe pertencia aquela fotografia, imiscuíra-se no destino de outra pessoa. Abaixou-se, então, e depositou a foto no mesmo quadrante da calçada onde a havia encontrado. Levantou-se, estralou as costas, parou um pouco ... e seguiu um caminho, rezando para que desse, logo, com uma foto só dele.

28.1.07

Somente depois de fechar os olhos e respirar o mormaço do quarto escuro, percebeu os finos raios amarelos escorrendo pelas frestas da persiana; não deitou a cabeça outra vez no travesseiro; sentou-se com o lençol ainda cobrindo suas pernas, coçou um dos olhos e com o outro olhou para a mancha de suor na cama.

Era manhã, mas havia ido dormir somente às três da madrugada do mesmo dia. Não havia escovado os dentes ou tomado banho. Não tirara as calças. Os cabelos pregados nos lábios. Era manhã, mas ainda não queria se levantar.

Tenho um arquivo que chama "doodles", só de coisas jogadas, palavras perdidas e frases tentando formar um texto; tem uns que mexo pouco, tem outros que mexo muito. Tem uns também que eu não tenho paciência de mexer: posto logo.

Não, não sabia: soube agora que tu me disseste, mas antes, não, não; nem cogitei. E agora que tu me disseste parece. Não esperava de maneira nenhuma. Quanto tempo? Ah, sim; pois então, está certo: obrigada por ter avisado, viu? Ia já fazer uma besteirada. Era. Pois é. Então, ó, a gente se fala depois? Está certo. Tchau.

Oi? Ah, sim: também te amo. Outro.
- Sabe o que é foda? É que amanhã eu vou acordar e vai estar tudo do mesmo jeito.
- É, cara, tem muita merda que vem sem a gente querer.

21.1.07

estorieta

Ela morava numa casa de bonecas, casa pequena. Disse já, várias vezes, que deveria se mudar, mas ela havia apaixonado seus olhinhos negros e redondos: como iria expulsar as duas dali, só por estranheza? Deixe-lhes e fui tomar um café.

20.1.07


Que vaidosos cata-ventos somos nós! Eu, que resolvera libertar-me de todo trato social e que abençoava minha boa estrêla, que, afinal, me fizera descobrir um lugar onde êle era quase impossível, eu, fraca criatura, depois de ter mantido até a noitinha uma luta contra o abatimento e solidão, vi-me finalmente compelido a arriar bandeira.

18.1.07

Vira o rosto: não me deixas lembrar que são meus, aqueles olhos; perscrutam e dissecam: viajo para a beira, defronte da fenda; aquele vento que começa em lugar nenhum ensurdece meus ouvidos... sopra; saio do chão, e sob meus pés, dança a areia: braços abertos. Ninguém na linha do horizonte, nenhum sinal de resgate; o vento vem dos lados, abraça e enleva: oferece-se como um mar: nadamos. Não há uma gota d'água em quilômetros. Nenhum sinal de resgaste: vira o rosto mais outra vez: enfia o nariz no travesseiro, não me deixas. Lembrar.

14.1.07

A Legião Estrangeira

A Legião é envolta por uma aura quase mítica graças a eventos ocorridos no México, mais precisamente em 30 de Abril de 1863.

Uma pequena patrulha comandada pelo Capitão Danjou, formada por 62 soldados e 3 oficiais, foi atacada por 3 batalhões mexicanos, compostos por infantaria e cavalaria, forçando-os a se defender na Hacienda Camerone. Apesar de estarem em completa desvantagem, lutaram até o fim. Danjou foi mortalmente ferido durante a batalha, e seus últimos homens executaram um último ataque com suas baionetas.

Restando apenas três legionários, os soldados mexicanos ofereceram a eles uma oportunidade de rendição, que eles só aceitariam se pudessem voltar para sua base com sua bandeira e o corpo de Danjou.

Ao ver sua bravura, o comandante mexicano comentou: "Eles não são homens: são demônios". E concordou com as condições dos franceses.

***

Ele morava nos túmulos e ninguém podia prendê-lo, nem sequer com uma corrente. Pois fora muitas vezes preso com peias e correntes, mas rompera as correntes e arrebentara as peias; ninguém tinha força para subjugá-lo. Noite e dia, ele andava incessantemente pelos túmulos e montanhas, soltando gritos e dilacerando-se com pedras. Ao ver Jesus ao longe, ele correu e prostrou-se diante dele. Com voz forte, ele clama: "Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Altíssimo? Conjuro-te por Deus, não me atormentes". Pois Jesus lhe dizia: "Sai deste homem, espírito impuro!" Ele o interrogava: "Qual é o teu nome?" Ele lhe respondeu: "Meu nome é Legião, pois somos numerosos". E ele lhe suplicava com insistência que não o expulsasse da região.

***

Se me perguntassem sobre Ofélia e seus pais, teria respondido com o decoro da honestidade: mal os conheci. Diante do mesmo júri ao qual responderia: mal me conheço - e para cada cara de jurado diria com o mesmo límpido olhar de quem se hipnotiza para a obediência: mal vos conheço.

13.1.07

Vermelhismo: mais ainda.

- Você me acha bonita.
- Desde quê.
- Não foi uma pergunta.
- Não respondi.
- E o desde quê?
- Depende.
- Depende de quê?
- Quer que responda?
- Já perguntei.
- Depende de você.
- Que tenho de fazer?
- Abrir com as mãos, caminhos... nos meus cabelos.

10.1.07

Na verdade, todos os versos são uma desculpa pra chegar no último, que não é meu.

A mulher subiu a saia vermelha,
pegou a bolsa vermelha;
a calcinha vermelha;
as luvas vermelhas
e o batom vermelho.

Não me disse até mais,
nem obrigado,
nem volte sempre,
nem vai te fuder, seu pervertido suburbano:

ficou perdida pelas esquinas luminosas,
pelos carros importados.
Ou usados.

Fiquei no chão,
com o braço direito dormente,
a coxa direita com câibra;
fedendo a sexo,
olhando o quarto minguante pela janela semicerrada:

perdido entre o orgasmo e o sono;
entre meus reais ausentes
e o pagamento do motel;
enfim:
entreanoitequevaieodiaquevem.

8.1.07

Meu lado nérdico.


Depois de aeons acompanhando Megatokyo, finalmente parece que o relacionamento da Nanasawa com o Piro vai engrenar. Para quem não conhece a webcomic, uma previazinha logo aí em cima.

6.1.07

Nunca mais, pense. Só conversando, só conversando, isso e aquilo, nada demais, nada demais, sabe? Quatro besteiras e a gente nem se toca, nem percebe e a língua dela abrindo caminhos na minha nuca; os dentes procurando tesão no meu pescoço, com força, mordendo cada nervo, sem atenção, sem covardia, sem vergonha, sem controle, tudo à noite, de noite, fora da batida da música, seguindo o baixo do funk que começou a tocar, um beijo, outro, pelo lóbulo da orelha, ela tem cócegas no ouvido, não me lembro e assopro. Ela ri, eu rio e dançamos de novo e novamente outra vez.

Aqui dentro tem cachorro bravo

Cuidado: Cachorro Bravo.

Leu de novo: Cuidado. Cachorro. Bravo. Bravo. Cachorro. Cuidado.

Intrigou-se. Não havia cachorro bravo com o qual deveria tomar cuidado. Nem no quintal, ou dentro da casa, ou aos pés de alguém se balançando na cadeira de balançar, para lá e para cá. Nada. Só o aviso. Cuidado, meu caro, que aqui dentro tem um cachorro muito bravo! Olhou de novo. Zero, só o cuidado cachorro bravo. Mas não tinha cachorro, e nem ele era bravo. Talvez nem aviso tivesse, no final das contas.

Então piscou os olhos, coçou a nuca, e quando despiscou e descoçou, tinha quatro patas, um belo pêlo marrom, caninos afiados e era bem bravo.

4.1.07

- Tá lá, mãe. O pc. Vai usar?
- Vou nada, Lara: vou dormir.
- Mas por que? A senhora num queria o pc?
- Quero mais não. Tô com sono.
- Mas por que?
- Porque ora, não quero mais.
- Mas eu já fechei as coisas lá, pra senhora usar.
- Mas se eu fosse usar, não era pra ter fechado.
- Eu fechei a net, mãe.
- Eu ia usar justamente a net.
- Era só logar de novo, grande merda.
- Não quero mais o computador: pode usar.
- Mas por que?
O pai se intromete:
- Porque ela não quer mais, Lara, ora! E feche essa luz!
- A senhora tem certeza?
- Tenho. Feche a luz.
- Tá bom. Não diga que eu não colaborei depois.

E a menina Lara retornou ao seu papinho madrugal pela net relogada.

The End.

1.1.07

Primeiro post do ano


Este é o primeiro post do ano; aqui, você não encontrará resoluções de ano-novo, nem instruções sobre como viver a sua vida em dois mil e sete: aqui, você encontrará o primeiro post do ano. E todas as outras coisas que você quiser encontrar aqui, além do primeiro post do ano.

Mas isso não importa. Não importa que aqui você encontrará o primeiro post do ano, e todas as outras que você quiser encontrar, além do primeiro post do ano; não importa se você não se encontrar aqui, ou em outro lugar; também não importa se você não encontrar aqui o primeiro post do ano: o que importa é que você tem que se decidir, you've got to let me know, should I stay or should I go?