14.8.08

4 dias depois.

4 dias depois deste post aqui embaixo, o Bandeira Ao Vento fechou. E eu só fui descobrir agora.

Juro que me deu um nó na garganta e eu tive que levar à boca a mão: olhos arregalados e tudo.

Dizer que era um bom blog seria idiotice: era um excelente blog: de longe o melhor que conhecia, e ao qual sempre retornava, mesmo quando esta blogosfera me dava nos nervos e minhas palavras viajavam para longe. Leiam-no, leiam-no, leiam-no.

Não custa nada repetir: Bandeira Ao Vento, leiam, que emagrece.

***

Sob os auspícios da finalidade, também digo que este blog já deu o gás que tinha que dar: três anos mais ou menos - três-mais-ou-menos anos - de contos minúsculos com número definido de palavras, pensamentos enumerados, enumerações éticas, one-liners, dezenas de citações e um vídeo do Yu-yu-yu-Tubí. Nada mal para quem não queria ficar "blogando" no meio do mundo, hein, Su?

Há-de se prestar atenção ao pronome: disse que este blog não dá mais pé: outro blog venho formulando em minha cabeça. Tem até nome já.

No mais, deixo um aviso no header sobre a duração do que passou-se aqui, um link para as próximas palavras e um abraço. Lembre-se: o problema está sempre entre a tela e cadeira.

Caio.

***

Edit: Eu sempre quis saber como era escrever debaixo de um pseudônimo, então, aqueles versos do "Fernando Augusto" ali mais embaixo são meus. Enganei alguém?

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Edit: Novo blog. Ist gut fur dich!

20.5.08

a infância rastreava-o como o lobo à lebre...

O que há em mim
não se qualifica.
Não se contradiz ou esmorece.
O que há em mim é uma memória
implacável
de um tempo que não se esquece.

21.4.08

alguns continhos de fillers

Todos os animais que dormitavam em seu quarto amanheciam mortos. // Marcou o derradeiro adeus a seu pai com uma flor. // Já fui um livro de poesias. Hoje, acredito-me um verso. // Um clarão rápido foi tudo que bastou para perderem-se completamente. // Tuas memórias esmoecerão, mas o cheiro de pólvora restará ainda. // A corte dourada aplaudia... Enquanto, do outro lado, lágrimas derramavam-se.

1.4.08

versos

Um soneto eu quis fazer
Para a minha adorada.
Mas, aí, eu me lembrei
Que adorada eu não tinha.
Procurei, mas não achei:
Soçobrou-me esta rima.

Fernando Augusto, poeta cearense.

31.3.08

the wisdom of a fool won't set you free



Every time I see you falling
I get down on my knees and pray
I'm waiting for that final moment
You'll say the words that i can't say

19.3.08

the duality of blog

O blog é um depositário de ficções, onde minha palavra rabisca selvagem o fundo branco, sedento de vogais e consoantes. Sílaba ante sílaba, ofereço verbos e vírgulas. A sede, sem fim, transmuta-me em instrumento do blog, como uma mão enluvada que pega ao lápis negro e escreve na folha almaça. Gasta a ponta, afia-a para escrever novamente. Depois, guarda-me no estojo velho. Ali, enxergo canetas, borrachas e um estilete. Todos amontoados. Somos engolidos, lápis, canetas e o estilete: o zíper tranca-nos em escuridão, onde repousamos silenciosos até o próximo chamado.

... Assim seria não fosse o blog um depositário de ficções, e minha palavra, escrita, não com lápis e borrachas, mas por dedos contra um teclado.

2.3.08

25.2.08

There are books that one reads over and over again, books that become part of the furniture of one's mind and alter one's whole attitude to life, books that one dips into but never reads through, books that one reads at a single sitting and forgets a week later.

George Orwell, falando sobre livros e cigarros.

BUCK, Pearl S. A Grande Travessia.

Assim começa o livro:

É um dom peculiar do artista ser capaz de adentrar pelas outras pessoas, e isso se aplica, principalmente, aos romancistas. Eu e ele discutíramos esse dom muitas vezes, e ele sempre me perdoara quando eu me deixara absorver temporariamnte por outra pessoa que não ele. É uma estranha absorção essa, e eu não sei como descrevê-la senão comparando-a com o foco de interesse total, essencial ao cientista teórico. Tais cientistas são, por temperamento, artistas, e nós não podemos fugir ao que somos.


Desde a morte dele, eu não fora capaz de me deixar absorver por ninguém, até nesta tarde, quando, durante uma hora, o velho hábito voltara. Estava cheia de um novo ânimo, e quase esperançosa. Pelo menos, sentia-me aliviada, embora por pouco tempo, da tristeza em que havia tantas semanas estava mergulhada. Ri do fundo da minha alma e, durante uma hora, senti-me curada. Posso afiançar que cumpri meu programa para esta noite e me deitei a uma hora razoável, pela primeira vez em muitas semanas. Isso marcou o começo de uma nova etapa.

Apesar do sentimento de renovação ou alívio, que dificultaria a complicação posterior da história, parece início de romance, não? Contudo, está, na verdade, localizado na página 149 do livro.

Mas que parece, parece.

9.2.08

___ will ___ you

Words will mean the world to you.

greves

Da Folha Online:

A diretoria do WGA (Writers Guild of América), sindicato dos roteiristas norte-americanos, deve se reunir neste domingo (10) para discutir o acordo proposto pelos executivos dos grandes estúdios. Ontem, os líderes grevistas declararam apoiar o acordo.


A Writers Guild of America ficou de greve, salvo engano, na mesma época que minha faculdade. Enquanto os americanos vão reunir-se com seus chefes neste domingo, meus professores vão reunir-se com os chefes deles na terça-feira. Diz a notícia que, se tudo der certo, os roteiristas voltarão a escrever já nesta segunda, o que eles pelamordideus devem fazer porque eu estou de saco cheio de ficar sem ver Heroes.

Quanto aos meus professores: voltando, não voltando, já é minha terceira greve: daqui a cinco meses, tem outra.

Edit: Deus é pai.

6.2.08

stranger than the whole wide world

Uma cena de Mais Estranho que a Ficção que me deixou intrigado foi a que Robert Crick está no apartamento de Ana Pascal, e esta mostra-lhe seu violão, pedindo a ele que toque. Crick diz conhecer apenas uma música, e que, por ser iniciante, seria melhor não tocá-la, recusando a oferta de Ana. Ela sai para a cozina lavar os pratos do jantar improvisado que os dois repartiram, e Crick fica sozinho na sala, com o violão; uma olhadela de soslaio e a cumplicidade da meia-luz lhe inspira coragem: retira o instrumento do suporte, cerra os olhos e começa a tocar Whole Wide World, do Wreckless Eric.


Crick começa cantando baixinho e tocando nas cordas levemente, pouco mais que o inaudível. Enquanto isso, Ana está na cozinha, terminando a lavagem dos pratos. Quando fecha a torneira, consegue ouvir a melodia envergonhada vinda da sala. Ela segue, então, para a sala, se aproximando, e senta-se ao lado de Crick, que ainda não percebe sua platéia. Agora ele canta mais alto, tocando nas cordas com firmeza, o polegar apoiado no indicador. Ana sorri. Crick sente sua presença e abre os olhos. Notando que é assistido, sua voz vai cedendo à timidez, mas antes que isso possa acontecer, Ana avança, derrubando o violão, e beija-lhe avidamente.

O que me encuca é o porquê dessa reação tão impulsiva da personagem de Maggie Gyllenhaal. Ana é passional e largou a faculdade de direito para cozinhar biscoitos. Tudo bem. Até poderia ser esta a explicação, e eu até poderia aceitar, vendo os lábios dela moverem-se em sincronia com os de Crick na parte do to find out where they hide her. Poderia, se não me houvessem dito - uma amiga - que a razão de Ana ter pulado em cima de Crick é ele estar tocando de olhos fechados. Como não se entregar à verdade desta sentença?

31.1.08

Aproveito a pausa que na qual a Unidos da Parquelândia - a escola de samba que treina na esquina de minha casa todas as últimas semanas do mês de janeiro - se encontra para lhes descrever o samba-enredo deste ano. Desconheço o título.

[Incompreensível]
Tudo é original,
Tem até Papai Noel
Numa festa de natal, tem!

Maravilha!
Com sinceridade!
Nosso simperadores [incompreensível]

Lindo sonho, lindo,
Ô sonho lindo!
Parece verdade!

Sonhei que estava em um mundo
De belas fadas e bonitas carruagens.
As bailarinas, bailando em um palco especial.
Palhaços dando cambalhotas,
Animando esse lindo carnaval!

O primeiro verso não consigo distinguir no meio da batucada: o cantor fala baixo por demais nesse momento; o final do sétimo rima com "verdade", e até acredito que esta seja sua última palavra; os dados, contudo, são insuficientes. No décimo terceiro, achei que cantavam margarinas, mas, como se bem sabe, derivados do leite não dançam em palcos especiais. Feliz carnaval.

Edit: Fez um sonho ser verdade: é isto que vem depois de nossos imperadores. Assim mesmo, no singular. Questão de ritmo.

29.1.08


Conta a lenda que a cor roxa do sabre de luz utilizado pelo Mestre Jedi Mace Windu se deve ao seu raro cristal, conseguido após vencer inúmeras dificuldades e enfrentar perigos os mais diversos.

***

Em verdade:

Samuel L. Jackson - George, can have a purple lightsaber?
George Lucas - Yes: you're Samuel L. Jackson.

pergunta

Esse negócio do dono comentar no post antes de todo mundo perde ponto?

o que aprendi lendo Herman Hesse

Que todos tem um caminho solitário e inexorável, ao qual devem estar atentos a ouvir o chamado; que espiritualidade é aquilo que reveste o que se torna insubstituível e permeia aquele que não a procura; que toda estória deve terminar com o personagem principal morrendo na última linha.
O que há entre as expressões carpe diem e tarde demais que me é tão incompatível?

21.1.08

no ônibus

No ônibus, perto já de minha parada, atravessando a catraca, sou abordado pelo trocador:

- Ei, cara, "silêncio" é polissílaba?

Baseando meus pensamentos no latim, respondo prontamente:

- Sim, é polissílaba.

Ele, contudo, elabora:

- Tem certeza? Não é trissílaba, não?

Lembro-me de meus ensinamentos gramaticais: não existem palavras quadrissílabas ou pentassílabas. Corrijo-me:

- Sim, é trissílaba. Por isso o acento: paroxítona terminada em ditongo crescente.

Ao que ele me agradeceu, confirmando assim que seu gabarito estava incorreto. Imagino, contudo, se estudasse eu matemática, perguntaria-me ele sobre a soma dos ângulos de um triângulo equilátero, ou sobre a bomba de potássio, caso biologia fosse meu curso.

11.1.08

Mexi no layout. Meu medo principal era perder os comentários do Haloscan, que, como temia, sumiram. Ainda não sei futricar direito com este modelo, mas o pior, acredito, já passou.

Também perdi a imagem que servia de header. Pity.

5.1.08

do primeiro dia do ano

Tuesday is the day of the week between Monday and Wednesday. The name comes from Middle English Twisday, from Old English Tiwes dæg, named after the Nordic god Tyr, who was the equivalent of the Roman war god Mars.

In Latin, it is called Martis dies which means "Mars' Day". In Romance languages except Portuguese, the word for "Tuesday" is similar to the Latin name: mardi in French, martes in Spanish, martedì in Italian, dimarts in Catalan, and marţi in Romanian.

Portuguese uses numbers instead of pagan names and so their word for "Tuesday" is terça-feira (i.e. the third day).¹

01. PÉDIA, Wiki.

3.1.08

googlagem

Atormentado pela gramática, procurei por faz-se unhas no Google e descobri que, fortuitamente, este site é o terceiro mais visitado quando se googla por faz-se unhas: estou atrás da Wikipédia e da Sociedade de Assitência aos Cegos; à frente, contudo, da ArtEditora e do Mais Bahia.

herman hesse

José Servo - creditado como João Servo na sinopse - é um menino alemão que vive no futuro das Escolas de Elite, da Província Pedagógica e da Ordem. Por mais apocalíptico que possa parecer, aqui não se tratam de esquemas governamentais ou tramas políticas; diferente das ficções futuristas de Philip K. Dick e Aldous Huxley, mas próxima das estórias coming-of-age típicas de Hesse, encontra-se aqui um jovem solitário, dedicado às questões do espírito e fascinado pelo tal Jogo dos Avelórios: a bola da vez da interdisciplinaridade.

Muito bom, como todo Hesse. Minha única reclamação é que o autor ainda não explicou como funciona o jogo. Nem parece que vai. Pity.