6.5.07

Ninguém esperava uma confrontação entre o Sol e a Lua, mas aconteceu que, certa vez, ambos reuniram-se no topo de um prédio, cobertos pelo céu roxo arroxeado; ele vestia-se com uma toga vermelha a cobrir-lhe metade do torso; e ela de terno, olhos e cabelos negros que preenchiam toda a extensão da cobertura do edifício. O Sol sorriu e olhou para a Lua, que detinha-se de pé, os braços retos e imóveis ao lado do corpo, o rosto inescrutável.

- Que anseias?
- Tu sabes tratar-se, certamente, da mesma querela primeva, cavaleiro negro.

A Lua suspirou, olhando para o chão.

- E dos mesmos nomes.
- Desejava que o encontro permanecesse puro e intocado, mesmo a antiga etiqueta.

O vento do norte soprou mais uma vez. O Sol continuou, sorrindo e andando pelo parapeito.

- A primeira disputa foi, inesperadamente ... interrompida.
- O cavaleiro branco interviu, sim.

O dia rendia-se à noite, mas Dia não levantava-se de sua cadeira: observava, nada mais faria, aqueles dois brigando por momentos dentro dos corações dos homens. O crepúsculo afundava no horizonte.

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