21.8.07

mulheres

Eram 5 mulheres no ponto de ônibus.

A primeira tinha os cabelos todos grisalhos e segurava um saco do mercadinho. Dentro do saco, havia dois maracujás, um pacote de leite e nada mais. A bolsa pendia, no flanco esquerdo, pela alça. Esperava o ônibus fazia poucos minutos. Naquele dia, não havia ninguém que fosse lhe apanhar.

A segunda vestia blazer azul-escuro, calça idem, bem apertada, com brincos pequenos, cabelo curto e óculos escuros. Usava sapatos quase sem salto. Estava atrasada para o trabalho e por isso, enquanto segurava o celular, olhava constantemente pela rua, em busca, ai meu deus, do ônibus.

A terceira olhava o chão, sorrindo sozinha. Tinha o cabelo longo e cacheado, preso num rabo de cavalo. Usava sandálias brancas havaianas, saia até o joelho, camisa branca até depois do ombro; quase sempre, nenhuma maquiagem. Mas naquele dia não se aguentou: comprou um batom vermelho nas Lojas Americanas.

A quarta era uma menininha que pegava o ônibus pela primeira vez. Sua mãe lhe dissera que assim que visse o ônibus, fizesse o sinal ao motorista, entrasse por trás, passasse por debaixo da catraca e esperasse. Disse que era para ficar atenta, para não passar do ponto. Muito provavelmente faria a viagem de pé, mas talvez alguém lhe cedesse o lugar. Caso ficasse perdida, ligasse para ela, não falasse com estranhos. Também disse que a amava muito, disse que tomasse cuidado e disse que a amava muito, novamente.

Na quinta mulher, eu não pude prestar atenção: meu ponto era o próximo.

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