3.4.06

O Biquíni Rosa.

Entre o mercadinho Cristovão e o Bar e Restaurante O Armando, encontrei amassado, negro, enlameado, perdido na rua um biquíni rosinha com as bordas brancas. E aquele biquíni, talvez, pertencesse a uma menina lá da periferia - a mãe deu de presente de aniversário, num domingo, dia de praia. Mas, não se sabe como, talvez ela tenha perdido nessa viagens de família pra Praia do Futuro, onde as sacolas sempre voltam ou mais cheias ou mais vazias.

Aquela pecinha foi de uma jovem, que agora já é adulta, e que não tinha mais utilidade pro biquíni. Dentro do ônibus, com uma sacola velha, indo pra casa do terceiro namorado, encontrei, já perdido, o biquininho no meio do batom vermelho, do perfume, da calcinha, do sutiã. Não se lembrava a quem pertencia. De ninguém. Fora. Pra rua, é encontrado pelo escritor, aprisionado nas palavrinhas rosadas com bordas brancas.

Mentira tudo isso: o biquíni era é de um menino. Menino homem, macho, viril, que com doze anos já havia perdido o cabaço, como diz um amigo meu eu não vejo faz um tempo. Perdido o cabaço, ele saiu correndo da casa da menina, tropeçou na vestimenta, ouviu o ranger da porta, correu, saltou pela janela saiu correndo, enquanto sua companheira de putaria ajeitava, pra ficar tudo direito.

Depois, o menino bateu uma punheta pensando na já experimentada situação, que tantos morrem sem nem saber o que é, gozou, jogou fora a última lembrancinha inoportuna daquele evento memorável.

Cinco dias depois, a mãe descobriu, a menina ficou grávida e o pai matou o moleque de peia.

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