8.9.05

Centésimo Décimo Quarto - Branco Na Memória.

Odeio que me digam o óbvio.

Menos - claro - se quem me disse for a poesia. Aí pode. Primeiro porque o óbvio da poesia é diferente do óbvio do resto mundo - óbvio. Segundo porque é poesia. E terceiro porque a poesia não diz o óbvio obviamente.

A poesia acorda na gente os sentimentos mais latentes. A gente lê poesia pra (se) emocionar, pra sentir, mas não pra jogar a nossa frustração lá - num tenho paciência de ler quando estou frustrado, sinceramente - jogar a frustração a gente joga em outra pessoa quando reclama, ou reprime, ou escreve e deixa no papel alguma parte do sentimento ruim.

Esse sentimento ruim, aliás - que fique sabendo quem não sabe - nunca vai embora de uma vez. Não são como os sentimentos bons, que basta a sensação bem-estar ir embora para eles chisparem junto. Com os maus, a gente pára de sentir dor física, mas a memória da dor física dói na mente, e fica doendo mentalmente.

Deve ter mais a se dizer, mas eu perdi o fio da meada.

Beijos esquecidos.

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