12.9.05

Centésimo Vigésimo Sexto - Minhas Raízes Literárias I.

Leio. Sim.
Escrevo. Sim.

Não quero saber o porquê. Já me resignei. Não preciso de um motivo para escrever - como bem me ensinou o mestre Paulo Leminski.

Mas eu fiquei encucado sobre quando eu comecei a criar raízes nesse mundo de imagens e palavras. Quando diabos a literatura invadiu a minha vida, batendo o pé e dizendo "não saio, não saio, não saio" ? Eu quero saber.

Primeiro, aquilo que eu acredito: não se escreve bem sem ler.

A pessoa lê, lê muito. Bastante. Até ficar com a vista cansada, quase ofegante, precisando de um transplante de pulmões. Depois é que se escreve. Aliás, eu diria até que escrever é conseqüência de ler, nada mais. O mais importante é ler. E, como disse o Nelson Rodrigues, numa citação que eu peguei lá do Portal Releituras:

"Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."

Muito bem. Tem que ler pra escrever.

Agora eu faço uma confissão: nunca gostei dos livros paradidáticos do colégio. Pior, nunca gostei de lê-los.

E num lia mesmo. Tirava nota baixa, mas num lia. Só li alguns, e somente um eu gostei.

As palavras chegaram tarde na minha vida. Tenho 18 anos e 11 meses. Elas devem ter chegado lá por 2000 e pouco.

Tarde. Tardíssimo. Céus.

Eu procuro na minha memória, e chego na minha quinta ou quarta série, quando houve um concurso de poesias na minha sala, e os finalistas foram eu, com o poema "Se..." - o título descaradamente roubado de outro poema de um livro que minha mãe me mostrara - e um amigo meu, com o poema "Tarzan".

A votação fora popular. Ganhou este que vos fala. Acredito que até "V'xxxxxxe" de surpresa meus escritos ganharam.

Mas, depois disso, nada mais. O corvo de Poe instalara-se nas minhas palavras, exceto por alguns parcos elogios fraternos sobre algo que se soltara das minhas amarras mentais.

Continua.

Em tempo e a quem deseje: o dito livro que se salva é "Tio Robinson", de Mark Twain. Ainda o tenho. ^_^.

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