29.10.05

Mundo retangular

Do meu computador
eu vejo o mundo:
não olhando pra frente, mas
para o lado.

Porque do lado tem a porta pra fora:
pras árvores que, há dezenove anos, balançam com o vento
e, graças aos céus
e ao dono do sítio,
ninguém nunca as podou.
Junto com o vento e com a chuva de de vez em quando,
e melhor quando é chuva e vento juntos:
dá pra ver como que uma aura sobre os telhados aqui próximos,
como se as sujeiras e os espíritos maus escorrecem
pelos tetos, fugindo da purgação chuvácea.
Fogem próximos às telhas, quase se agarrando,
não querendo ir:

eles se alimentam de nós.

As montanhas, que eu não tenho certeza de onde são,
azuis, lá bem longe, lonjão,
quando tem a chuva nem dá pra ver.

As cores: vermelhos, verdes,
- muito verde -
branco das nuves, azul do céu,
e carneirinhos, quando deus decide brincar comigo
e eu presto atenção.

E eu nem noto as grades na frente:
só vejo a paisagem:
ela é quase mental. Já internalizei,
tá aqui dentro:
sou telúrico, enfim.

Brigado, senhor, pela minha porta aqui
do lado do meu computador.

2 comentários:

Anônimo disse...

o que é foda é que eu achava que sabia escrever....tá massa.falo mais não,que eu sou um ser mesquinho e invejoso...

Suyá Lóssio disse...

caralho caio.
muito bom.
orgulho de sentar do teu lado toda manhã.
=]