20.10.05

Olhar para cima.

Nunca tinha olhado para cima: não no banheiro. Naqueles cubículos pequenininhos, que o fedor da bosta sobe e se instala nas paredes. O enxofre inebriante me obrigou a subir o olhar, fugindo da tontura: percebi: não havia teto nas paredes; eram como aqueles chuveiros militares sem divisões. Nesse, havia divisas entre as cabinas mal-cheirosas. Atrás de mim, em cima, olhava-me um daqueles negócios onde se enroscam as lâmpadas: sem lâmpada. Notei que em nenhum havia lâmpada. Sem luz: sem ver a merda nadando na água que quase salta do vaso.

Mas haviam colocado água na caixa naquele manhã.

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