O que há em mim
não se qualifica.
Não se contradiz ou esmorece.
O que há em mim é uma memória
implacável
de um tempo que não se esquece.
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25.2.08
BUCK, Pearl S. A Grande Travessia.
Assim começa o livro:
É um dom peculiar do artista ser capaz de adentrar pelas outras pessoas, e isso se aplica, principalmente, aos romancistas. Eu e ele discutíramos esse dom muitas vezes, e ele sempre me perdoara quando eu me deixara absorver temporariamnte por outra pessoa que não ele. É uma estranha absorção essa, e eu não sei como descrevê-la senão comparando-a com o foco de interesse total, essencial ao cientista teórico. Tais cientistas são, por temperamento, artistas, e nós não podemos fugir ao que somos.
Desde a morte dele, eu não fora capaz de me deixar absorver por ninguém, até nesta tarde, quando, durante uma hora, o velho hábito voltara. Estava cheia de um novo ânimo, e quase esperançosa. Pelo menos, sentia-me aliviada, embora por pouco tempo, da tristeza em que havia tantas semanas estava mergulhada. Ri do fundo da minha alma e, durante uma hora, senti-me curada. Posso afiançar que cumpri meu programa para esta noite e me deitei a uma hora razoável, pela primeira vez em muitas semanas. Isso marcou o começo de uma nova etapa.
Apesar do sentimento de renovação ou alívio, que dificultaria a complicação posterior da história, parece início de romance, não? Contudo, está, na verdade, localizado na página 149 do livro.
Mas que parece, parece.
É um dom peculiar do artista ser capaz de adentrar pelas outras pessoas, e isso se aplica, principalmente, aos romancistas. Eu e ele discutíramos esse dom muitas vezes, e ele sempre me perdoara quando eu me deixara absorver temporariamnte por outra pessoa que não ele. É uma estranha absorção essa, e eu não sei como descrevê-la senão comparando-a com o foco de interesse total, essencial ao cientista teórico. Tais cientistas são, por temperamento, artistas, e nós não podemos fugir ao que somos.
Desde a morte dele, eu não fora capaz de me deixar absorver por ninguém, até nesta tarde, quando, durante uma hora, o velho hábito voltara. Estava cheia de um novo ânimo, e quase esperançosa. Pelo menos, sentia-me aliviada, embora por pouco tempo, da tristeza em que havia tantas semanas estava mergulhada. Ri do fundo da minha alma e, durante uma hora, senti-me curada. Posso afiançar que cumpri meu programa para esta noite e me deitei a uma hora razoável, pela primeira vez em muitas semanas. Isso marcou o começo de uma nova etapa.
Apesar do sentimento de renovação ou alívio, que dificultaria a complicação posterior da história, parece início de romance, não? Contudo, está, na verdade, localizado na página 149 do livro.
Mas que parece, parece.
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12.12.07
HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo. Editora Globo, 1980.
- Eu sei. E isso é mais uma razão para ser severo. Sua elevada condição intelectual traz consigo responsabilidades morais correspondentes. Quanto maior é o talento de um homem, mais poder tem ele para desviar os outros. É preferível o sacrifício de um à corrupção de muitos. Encare o caso sem paixão, Sr. Foster, e verá que não há crime mais odioso do que a falta de ortodoxia na conduta. O homicídio mata apenas o indivíduo; e, afinal, que é um indivíduo? - Com um gesto largo, apontou as fileiras de microscópios, os tubos de ensaio, as incubadoras. - Nós podemos produzir um indivíduo novo com a maior facilidade; tanto quantos quisermos. A falta de ortodoxia porém, ameaça mais do que a vida de um simples indivíduo; ela atinge a própria Sociedade. Sim, a própria Sociedade - repetiu. - Ah! Aí vem ele.
2.8.07
DURAS, Marguerite. O Amante. RioGráfica, 1986.
Durante a viagem, na travessia desse oceano, tarde da noite, alguém morreu. Ela não sabe muito bem se foi nessa viagem ou em outra qualquer. Algumas pessoas jogavam cartas no bar da primeira classe, entre os jogadores estava um jovem e, num dado momento esse jovem, sem uma palavra, colocou as cartas na mesa, saiu do bar, atravessou correndo o convés e jogou-se ao mar. Quando afinal pararam o navio, que ia a toda velocidade, o corpo estava perdido.
29.7.07
26.07.07
Adultos se esquecem de como as crianças pensam na morte.
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19.7.07
a convite
Todo de terninho e gravatinha no blog dos outros: parece gente. Ide!
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29.6.07

***
Pode ter, de ocasião, o atrativo de um novo molho ou de uma colheita especial, mas os restos de um banquete apodrecem e os fundos das garrafas são amargos.
14.4.07
26.3.07
18.3.07
- O que você faz da sua vida é problema seu.
- But I was born to love you!
- But I was born to love you!
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Da Wikipedia:
According to the Oxford English Dictionary in English, the earliest historical meaning of the word information in english was the act of informing, or giving form or shape to the mind, as in education, instruction, or training.
Do Aurelinho, o verbete em suas cinco definições:
in.for.ma.ção sf. 1. Ato ou efeito de informar(-se); informe. 2. Fatos conhecidos ou dados comunicados acerca de alguém ou algo. 3. Instrução, direção. 4. Tudo aquilo que, por ter alguma característica distinta, pode ser ou é apreendido, assimilado ou armazenado pela percepção e pela mente humanas. 5. Qualquer seqüência de elementos que, por distinguir-se de outras seqüências de mesma natureza, produz determinado efeito e serve para transmitir e armazenar a capacidade de produzir tal efeito. [Por exemplo, as seqüências de grupos de átomos, onde, nos cromossosmos, se localiza a informação genética; ou seqüência de sinais magnéticos ou elétricos, os bits, para armazenamento e processamento de computadores.] [Pl.: -ções.] in.for.ma.ci:o.nal adj2g.
O antônimo de informal é formal. O antônimo de informação é formação?
According to the Oxford English Dictionary in English, the earliest historical meaning of the word information in english was the act of informing, or giving form or shape to the mind, as in education, instruction, or training.
Do Aurelinho, o verbete em suas cinco definições:
in.for.ma.ção sf. 1. Ato ou efeito de informar(-se); informe. 2. Fatos conhecidos ou dados comunicados acerca de alguém ou algo. 3. Instrução, direção. 4. Tudo aquilo que, por ter alguma característica distinta, pode ser ou é apreendido, assimilado ou armazenado pela percepção e pela mente humanas. 5. Qualquer seqüência de elementos que, por distinguir-se de outras seqüências de mesma natureza, produz determinado efeito e serve para transmitir e armazenar a capacidade de produzir tal efeito. [Por exemplo, as seqüências de grupos de átomos, onde, nos cromossosmos, se localiza a informação genética; ou seqüência de sinais magnéticos ou elétricos, os bits, para armazenamento e processamento de computadores.] [Pl.: -ções.] in.for.ma.ci:o.nal adj2g.
O antônimo de informal é formal. O antônimo de informação é formação?
12.3.07
shake it all, baby!
5.3.07
minicontos, nanotales
Jules Horne, blogueira do The Guardian, falando sobre nanotales, escreveu:
These distinguished writers, often at the maverick outer edges of their art, weren't interested in offering up quick fixes for us to absorb between tube stops. They were drawn to its special challenges: the distilled essence of storytelling, the condensed emotion, the perception shift, the power of the unexpressed.
E também que estes microcontos fit beautifully into a blog. E ela está certa: os parágrafos quadradamente posicionados na tela, as linhas duplas formando retângulos: tudo geometricamente estetizado.
Contudo, claro que não tem somente coisa boa: Jules também fala da aflição que sente ao ouvir que os nanotales são perfeitos para estes nossos tempos globalizados, na qual tudo é em pílulas, em doses homeopáticas e o DDA corre solto. Em inglês.
E também que estes microcontos fit beautifully into a blog. E ela está certa: os parágrafos quadradamente posicionados na tela, as linhas duplas formando retângulos: tudo geometricamente estetizado.
Contudo, claro que não tem somente coisa boa: Jules também fala da aflição que sente ao ouvir que os nanotales são perfeitos para estes nossos tempos globalizados, na qual tudo é em pílulas, em doses homeopáticas e o DDA corre solto. Em inglês.
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4.3.07
prosa boa é que nem vidraça
Good prose is like a windowpane, diz George Orwell, no ensaio Why I write, referindo-se ao apagamento de personalidade do qual o escritor necessita para escrever algo, no mínimo, legível. Também estabelece four great motives for writing, sendo os ditos cujos:
1. Egoísmo puro e simples
2. Enlevo estético
3. Impulso histórico
4. E propósito político
Não termina nem começa por aí: o escritor inglês também fala de suas poesias, da guerra civil espanhola e de suas esquisitices infantis. Em inglês, com bigodinho e tudo.
1. Egoísmo puro e simples
2. Enlevo estético
3. Impulso histórico
4. E propósito político
Não termina nem começa por aí: o escritor inglês também fala de suas poesias, da guerra civil espanhola e de suas esquisitices infantis. Em inglês, com bigodinho e tudo.
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1.3.07
Blogosferiando
O hermeneuta alexandrino não se limitou a inventar pontuação: ele quis forjar palavras que tornassem significantes os silêncios que pressentia nos textos e lhe permitissem, mais do que perceber o que lia, compreender o que lia. A decisão de as fazer invisíveis é apenas um indício de quão místicos eram os dias que então se viviam. Sabemos que as palavras estão lá – o resto, o resto é arte na distribuição das vírgulas.
Do ótimo Bandeira ao Vento, blog português, o qual o autor teve o pau-no-cuzismo de retirar os comentários. Good still, as you can see.
Do ótimo Bandeira ao Vento, blog português, o qual o autor teve o pau-no-cuzismo de retirar os comentários. Good still, as you can see.
27.2.07
23.2.07
Te quiero infinito, honey baby
Em meus passeios matinais pela blogosfera, caí de boca neste poema. O poeta chama Jaime Sabines, mexicano. Quem gostar levanta a mão.
Yo no lo sé de cierto
Yo no lo sé de cierto, pero supongo
que una mujer y un hombre
algún día se quieren,
se van quedando solos poco a poco,
algo en su corazón les dice que están solos,
solos sobre la tierra se penetran,
se van matando el uno al otro.
Todo se hace en silencio. Como
se hace la luz dentro del ojo.
El amor une cuerpos.
En silencio se van llenando el uno al otro.
Cualquier día despiertan, sobre brazos;
piensan entonces que lo saben todo.
Se ven desnudos y lo saben todo.
(Yo no lo sé de cierto. Lo supongo)
Yo no lo sé de cierto
Yo no lo sé de cierto, pero supongo
que una mujer y un hombre
algún día se quieren,
se van quedando solos poco a poco,
algo en su corazón les dice que están solos,
solos sobre la tierra se penetran,
se van matando el uno al otro.
Todo se hace en silencio. Como
se hace la luz dentro del ojo.
El amor une cuerpos.
En silencio se van llenando el uno al otro.
Cualquier día despiertan, sobre brazos;
piensan entonces que lo saben todo.
Se ven desnudos y lo saben todo.
(Yo no lo sé de cierto. Lo supongo)
22.2.07
apreciação descompromissada
Texto de quatro movimentos, intercalando observação, divagações literárias, divagações sexuais, escavação mental das personagens, retorno - pela curva - à observação. Sempre com o ser-humano capturado na situação real e momentânea, passando pela crivo da palavra e pelas escolhas - e pulos - do autor.
Garoto-esfíncter
ga.ro.to (ô) adj. 1. Que brinca ou vadia pels ruas. - sm. 2. Rapaz que vadia pelas ruas 3. Bras. V. menino.
es.fínc.ter sm. Anat. Faixa anular de fibras musculares que, ao relaxarem-se ou contraírem-se, regulam o trânsito de vários ductos naturais de corpo. [Pl.: esfíncteres.] - es.finc.te.ria.no adj.
Que barriga grande, de curva. Desquebrante demais da conta. De dar vontade de falar mal. Um mal de século, coisa de nêgo mau.
E o menino de barriga com raio infinito. Surge-me uma vontade de falar mal, tão normal, tão automática, imiscue-se no canto do meu olho, o qual vê a barriga preenchendo a cena: o menino com o dedo na boca. Olha para um lado. Ao outro. Encontra-me. Fita-me e percebe sua barriga capturada na minha íris, no branco dos meus olhos, em posição de combate, guerra que não quero e fujo, para meus livros. Volto meu olhar para dentro do ônibus. Tento mudar o de dentro outra vez e continuo sem entender.
Me endiabro de não lhe entender, de querer e não conseguir ser como aquela escritora que falou denso. Ou aquela que falou, maria-homem como só de cabelos curtos, e não daquele jeito meio Marisa Monte. Que afirmou sua originalidade da forma mais sensacional, já nos ensinada. Putismo de primeiro grau. É onda. É parisismo. O bem do nosso século. Falar de si mesmo, achar isso bonito, pular essa e achar mais bonito ainda. Imagina você sendo entrevistado? Que lindo. Falar de você mesmo. Sorrir e achar sua excentricidade um máximo. Se pula. Pula-se. Escolhe.
Ele, de nome grande, alemão-meio, nome de touro da Disney. Corno manso, desajeitado. Falável. Nem quer saber da vida. E muito menos da flexibilidade dela. Agora, ela, de roupas até agradáveis, de boca esporrante, quer mesmo é do outro.
Sexo em flexibilidade esporrante, atrás de véus: sexo de soslaio: voyeurismo acidental. O nome fálico, meio-alemão, grande, como um touro: da disney, porque corno manso e desajeitado: ômi mole réi.
Do minino de ouro. Quer o mundo, faz marmita por esse mundo. Só pra ele. Ele, bem longe do mundo e da Linha Amarela.
Um garoto-abertura, esse de ouro: abre-me - abre para mim. É um pórtico, no meio da rua, fora dessa realidade, fora dessa rua, longe da Linha Amarela. Seria divino, não fosse sua barriga grande, de curva, o dedo na boca; a distância do mundo - não pela santidade: pela fome. Esse meu minimo, de ouro, não quer-se porta, não deseja abrir a minha mente para o tudo do mundo: capturei sua curvatura no meu olho - quer, como eu, um pedaço de Terra só pra ele, longe daqui, onde ninguém pode nos pertubar, onde ele vai poder comer em paz. Comida de marmita mesmo, que self-service é chique demais pra traição e miséria. Presse mundo aqui. Só nos livros, longe daqui, da Linha Amarela.
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