29.8.05

Nonagésimo Quarto - Por Mim, Eu Vivia Deitado Numa Rede.

Sempre que o escritor não tem nada para dizer, ele faz um metatexto.

Mas nem isso eu tô com saco de fazer.

Por mim, eu vivia de amor. Passava o dia no ócio, nem filosofar eu filosofava. Num estudava - só linguística textual - num fazia poesia: preguiça de escrever.

Eu queria viver numa rede, na praia. Na minha praia, é sempre de noite e o mar tá todo tempo tempo quebrando lá looonge. E o vento quando em vez sopra a rede pra lá e pra cá. E eu empurro com a ponta do pé o chão pra me balançar. Balançar eu e meu amor dentro da rede.

Não pode faltar o meu amor, óbvio: está mais do que implícito. É uma qualidade latente do meu ser já. Um dos pontos mais sub-reptícios da minha existência é meu amor e o meu amor.

Tem água potável - gelada e misturada - tem comida saudável, tem um bocado de porcaria pra comer. Tem amigos. Tem areia. Tem bebês fazendo caretas legais. Tem poetas, mas não sei se teria coragem suficiente pra apanhar algum escrito e ler: prefiro amar. Por mim, vivia de amor.
Por mim, vivia só eu e meu amor, vivendo de amor.

So good to be in love.
So good to love someone.
So good to be loved.
So good to just love.

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